21 março, 2008

Reflexões

“O ser humano deve aprender a ser feliz conforme as circunstâncias, introjetando e vivendo a compreensão da sua transitoriedade física e da sua eternidade espiritual” – (Joanna de Angelis (Triunfo Pessoal – Divaldo Pereira Franco)

Nesta passagem Joanna de Angelis nos leva a refletir acerca dos nossos problemas, da centralização e do dimensionamento exagerado destes. Porque é mais fácil para nós nos lembrarmos de fatos acerbos que aconteceram na nossa vida do que dos momentos de alegrias em que vivenciamos?

Sob um enfoque materialista que sentido tem se suportamos mais ou menos o sofrimento? Ou qual o ensinamento que tiramos por passarmos por essa ou aquela dificuldade? Ou da forma como passamos?

O sentido é puramente humano, ligado aos sentimentos e valores que carregamos conosco.
Em um estudo realizado por pesquisadores da universidade Wisconsin, no qual praticantes de budismo e estudantes voluntários foram submetidos a uma série de testes com um equipamento de Ressonância Magnética Funcional foi constatado que os praticantes do budismo apresentavam os maiores índices de atividade na área do cérebro associada a pensamentos positivos (http://www.pnas.org/cgi/content/full/101/46/16369). Nesta pesquisa destacou-se a figura do francês Matthieu Ricard, doutor em genética celular pelo Instituto Pasteur, que abandonou a carreira para se dedicar ao budismo, e atualmente mora em um mosteiro budista no Nepal. Os resultados da ressonância apresentados por Matthieu superaram em muito os dos outros participantes na área responsável pela emoção positiva (http://www.matthieuricard.org/biography). Portanto não é o prazer do acúmulo dos bens, sexo ou a utilização de alguma droga que causa felicidade e sim o cultivo e o exercício de bons pensamentos e bons sentimentos.

A ciência atualmente estuda as causas da felicidade, o treinamento da mente e a “plasticidade mental” que é a capacidade humana de modificar fisicamente o cérebro por meio dos pensamentos que escolhemos ter. Pensamentos negativos significam atividade no córtex direito do cérebro e em conseqüência maior ansiedade, depressão e hostilidade. Bons pensamentos e uma visão positiva da existência exercitam o córtex esquerdo, elevando as emoções prazerosas e a felicidade (http://www.matthieuricard.org/biography).

Segundo Leon Denis, no livro “O problema do ser, do destino e da dor”, o cérebro é um simples instrumento que serve ao Espírito para registrar as suas sensações. Quando o instrumento está perfeitamente afinado, as teclas dão, sob a ação da vontade, o som peculiar a cada uma delas e reina a harmonia em nossas idéias e nos atos; mas se estas estiverem desalinhadas o som que produzirão não será o que deve ser. Mais adiante ele nos coloca que uma alma mais delicada necessita de um instrumento mais perfeito que se preste a manifestação de um pensamento elevado e fecundo.

Apesar de não estarmos ainda na condição de Espíritos elevados podemos educar os nossos pensamentos, para que, segundo nos afirma os benfeitores espirituais e até o próprio Ricard, transformá-los e dirigi-los ao eixo positivo. Portanto a ciência vem confirmar a necessidade de transformação moral que a Doutrina Espírita nos coloca com tanta propriedade.

Corroborando com isso nos afirma André Luiz, em Missionários da Luz, que no lar, no trabalho, nas diversões e na via pública cada criatura recebe o alimento mental que lhes é trazido por aqueles com quem convive temperado com o magnetismo pessoal de cada um. É desse alimento que depende muitas vezes os estados íntimos de felicidade ou desgosto, de prazer ou sofrimento que nos encontramos pelo fato de não termos alcançado o domínio das próprias emoções. Esse domínio nos permitiria selecionar as emissões que chegam até nós e assim só ambientarmos dentro de si as de natureza positiva.

Por outro lado existem fatos ou situações que surgem em nossas vidas sem motivos aparentes, pelo menos nessa existência, e é nesse ponto que destaca também o fator circunstâncias citado por Joanna.

“Como lenhos ressequidos, ao calor do mal, sofremos por necessidade, em favor de nós mesmos” – Emmanuel (Caminho, Verdade e Vida/Chico Xavier).

Com esse enfoque Emmanuel dá ênfase à necessidade destes sofrimentos para o Espírito, vindos na forma de provas ou expiações cabe a este escolher a forma e a condição por que passa por essas situações. É neste ponto em que aparecem as individualidades, pois se para uns sofrimento é sinônimo de resignação, para outros é de revolta. É nesses extremos também em que divisamos a condição espiritual em que nos encontramos.

Mas isso não significa infelicidade e sim a citada compreensão da nossa transitoriedade física e da eternidade espiritual que se faz tão importante, sendo necessário para isso a introjeçao dessa condição sob forma de sentimento. O que Joanna quis nos dizer com essa afirmação é que simplesmente até nessa condição a felicidade está ao nosso alcance.

Portanto podemos individualizar a nossa felicidade de acordo com a nossa condição, e para isto, basta termos vontade.
(Texto produzido pelo membro do Grupo de Estudo da obra de Joanna de Ângelis do Projeto Amai-vos e Instrui-vos, Josemir Neves )