04 junho, 2010

A JUVENTUDE ESPÍRITA E A UNIFICAÇÃO

A Unificação do movimento espírita é trabalho que exige a cooperação de todos os que, sinceramente, queiram fazer parte do voluntariado da paz e da fraternidade, organizado pelo Plano Espiritual Superior e guiado por Nosso Senhor Jesus Cristo. Trata-se, nas palavras de EMMANUEL, “de um avançado cometimento da boa vontade de cada companheiro na construção do edifício coletivo do bem geral”.
Sendo assim, o convite para a tarefa é direcionado a todos, inclusive aos jovens, cujo dinamismo e entusiasmo, característicos da sua faixa etária, não podem ser dispensados no trabalho incessante de levar o Espiritismo, à sociedade, não só como uma doutrina que esclarece e consola, mas também, como um roteiro seguro e eficaz para todos aqueles que buscam as luminosas estâncias da paz e da felicidade.
Cabe aos dirigentes das instituições espíritas a grande responsabilidade de atrair e motivar os jovens para o trabalho da divulgação e vivência do Espiritismo, disponibilizando meios e condições que os possibilitem desenvolver sua tarefa com alegria, comprometimento, seriedade, responsabilidade e coerência com os princípios doutrinários. Isso, no entanto, só será possível se, entre as partes, preponderar um clima de afetividade cristã, respeito, companheirismo e confiança. Para tal se faz necessário uma presença mais constante dos voluntários adultos e dirigentes das instituições junto as Mocidades Espíritas com o propósito de conhecerem e colaborarem com o importante trabalho que elas realizam no âmbito da evangelização da criança e do adolescente, do estudo doutrinário e outros. Além disso, seria oportuna ocasião para troca de idéias e experiências e para unir esforços no sentido de bem servirem a causa do Cristo por meio do Espiritismo.
Como o trabalho da Unificação também exige significativo esmero da sensibilidade seria interessante que as instituições espíritas apoiassem e incentivassem, cada vez mais, programas que envolvessem as Mocidades em visitas assistenciais a espaços socialmente carentes e/ou outros, onde a dor e o sofrimento convivem com relativa constância. A visita a esses espaços, a nosso ver, seria de grande valia por possibilitar ao jovem uma amadurecida tomada de consciência sobre a importância do bom uso dos bens e dons com que foi agraciado na atual reencarnação. Além disso, serviria para aprimorar sua sensibilidade no trato com a miséria humana e exercitar seu senso de compaixão e respeito ao próximo, através de intervenções práticas, de natureza doutrinária e/ou social que objetivassem a transformação daquele quadro de carência, dor e sofrimento. Tal experiência também contribuiria para o aprimoramento do seu senso de respeito às diferenças e seu espírito de compreensão, indulgência (misericórdia) e solidariedade, tão necessários ao trabalho da Unificação.
Outro aspecto importante a ser trabalhado é a consciência da unidade no trabalho de natureza doutrinária; a importância de unir esforços para que os objetivos comuns sejam alcançados. Essa conscientização, devidamente esmerada com a vivência, garantirá a sintonia do movimento espírita com os ideais do Espiritismo. Nesse sentido poder-se-ía estimular visitas fraternas a Mocidades de outras instituições, com finalidade de confraternização ou troca de experiências. Também seria uma boa lembrança a participação conjunta de jovens e adultos voluntários, nos programas de formação e aprimoramento de trabalhadores. Geralmente o Órgão de Unificação Estadual oferece às instituições eventos (encontros, cursos, simpósios, etc) voltados para esse fim, nas diversas áreas de atuação do Centro Espírita. Seria uma forma de a instituição garantir um futuro seguro e sintonizado com os padrões doutrinários do genuíno Espiritismo e com seus compromissos na sociedade e no movimento espírita. A instituição que não se preocupa com sua juventude, até mesmo achando-a desnecessária, está fadada a, futuramente, deixar de existir uma vez que os adultos envelhecem e partem.
O jovem deve ser percebido, na dinâmica de atividades da instituição, como parceiro tão valoroso quanto o adulto. Por isso não deve ficar limitado, única e exclusivamente, ao trabalho de evangelização infantojuvenil, as reuniões de mocidade, ou a outras atividades inerentes ao Departamento de Infância e Juventude. É fundamental que ainda jovem se familiarize e se prepare para colaborar em outras atividades da casa. Neste sentido as experiências do adulto associadas ao dinamismo da juventude darão resultados promissores.
Os dirigentes de instituições espíritas que ainda não atentaram para essa integração bem que poderiam iniciar esse processo convidando aqueles jovens mais envolvidos com a casa ou os que apresentassem interesse, para colaborarem nos trabalhos da tribuna espírita (desde que tenham seguro conhecimento doutrinário e boa capacidade de comunicação); nas atividades da divulgação doutrinária, no setor administrativo, na área da informática, na recepção aos que chegam a casa e aos idosos, na área da assistência e promoção social ou em outras atividades onde seu dinamismo, sua boa vontade e seu comprometimento doutrinário for requisitado.
Ainda dentro desse propósito, a conduta participativa e solidária dos adultos voluntários no desenvolvimento das atividades, suas relações interpessoais fraternas e a atenção constante para com as orientações doutrinárias serão testemunhos vivos de que a liberdade e o respeito à criatura humana são pilares imprescindíveis à sustentação das nossas atividades e realizações. Todos somos livres para propor e realizar empreendimentos, desde que “a base kardequiana permaneça em tudo e em todos, para que não venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces em que se nos levanta a organização,” (Bezerra de Menezes). A organização espírita não dispensa, em hipótese alguma, uma linha austera de dignidade, de nobreza nas ações e de respeito à ordem, e convida-nos, por sua vez, a união constante de esforços, para a execução do programa federativo emanado da organização geral de Unificação em nosso país que é o Conselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, com vista a uma plena harmonia de objetivos e unidade de programa, moldado este pelas “Bases de organização espírita” aprovadas no Rio de Janeiro, em 1904, de acordo com o deliberado na Grande Conferência Espírita realizada no Rio de Janeiro, em 5 de outubro de 1949. (Apostila Movimento Espírita da FEB).
Finalizamos essa reflexão com a seguinte mensagem do Espírito Adolfo Bezerra de Menezes, o incansável trabalhador da unificação no movimento espírita: “Solidários, seremos união. Separados uns dos outros, seremos pontos de vista”.
Xerxes Pessoa de Luna