18 julho, 2010

Informativo Nº 14 – Ano III – Junho de 2010

Editorial - Chico Xavier
(Caridade, Fé, Espírito, Saber e Amor)
Falar sobre Francisco Cândido Xavier é, quase sempre, ser repetitivo, pois não há palavras que expressem a sua real importância para o Movimento Espírita, para os espíritas e para a humanidade em geral. Uma só palavra, certamente, não deve ser jamais esquecida: gratidão. Assim, é que, profundamente, agradecidos a esse mineiro Chico Xavier, por toda sua dedicação e obra em forma de amor ao próximo, prestamo-lhe uma singela homenagem, destacando algumas das suas indiscutíveis virtudes, corroboradas por suas sempre sábias e simples palavras.
Chico Xavier – o ser humano brasileiro, financeiramente pobre e dedicado trabalhador.
“Nasci em Pedro Leopoldo, Minas, em 1910. Filho de um lar muito pobre, órfão de mãe aos cinco anos, tenho experimentado toda classe de aborrecimentos na vida e não venho ao campo da publicidade para fazer um nome, porque a dor há muito já me convenceu da inutilidade das bagatelas que são ainda tão estimadas nesse mundo. Começarei por dizer-lhe que sempre tive o mais pronunciado pendor para a literatura; constantemente, a melhor boa vontade animoume para o estudo. Mas, estudar como? Eu tinha apenas uma pequena parte do dia disponível para os estudos, e trabalhava em uma fábrica de tecidos das 15h às 2h da manhã. Mesmo assim, com muito sacrifício, pude chegar até o fim do curso primário. É verdade que, em casa, sempre estudei o que pude, mas meu pai era completamente avesso à minha vocação para as letras, e muitas vezes tive o desprazer de ver meus livros e revistas queimados. O meu ambiente, pois, foi sempre alheio à literatura; ambiente de pobreza, de desconforto, de penosos deveres, sobrecarregado de trabalhos para angariar o pão cotidiano, onde se não pode pensar em letras”.
Chico Caridade Xavier – a discrição, a humildade, a bondade, a paciência.
“Como duvidar de Chico Xavier? Fenômenos como estes se repetiram milhares de vezes ao longo dos 74 anos de atividade mediúnica do líder espírita. Quando Chico completou 70 anos, no dia 2 de abril de 1980, já eram 10 mil as cartas de mortos a suas famílias psicografadas por ele, segundo sua assessoria. E já eram também 2 mil as instituições de caridade fundadas, ajudadas ou mantidas graças aos direitos autorais dos livros vendidos ou das campanhas beneficentes promovidas por Chico Xavier. Porta-voz de Deus? ‘Uma besta encarregada de transportar documentos dos espíritos’ , Chico reagia. Um iluminado? ‘Não. Uma tomada entre dois mundos’, minimizava.
Chico Xavier, o apóstolo? ‘Nada disso. Cisco Xavier’ - ele transformava o nome em trocadilho quando já era idolatrado por caravanas de fiéis e curiosos vindos de todo o Brasil e indicado ao Prêmio Nobel da Paz em campanha nacional embalada por mais de 2 milhões de assinaturas de adesão, em 1981. ‘Sou um nada. Menos do queum nada’, repetia, para se defender de tanto assédio e evitar uma armadilha perigosa: a vaidade.Ao longo dos 92 anos de vida - 74 deles dedicados a servir de ponte entre vivos e mortos, Chico escreveu 412 livros, vendeu quase 25 milhões de exemplares e doou toda a renda, em cartório, a instituições de caridade: Os livros não me pertencem. Eu não escrevi livro nenhum. ‘Eles’ escreveram”.
Chico Fé Xavier – a perseverança, a disciplina, a abnegação.
“Sobre esses fatos e essas provas irrefutáveis solidificamos a nossa fé, que se tornou inabalável. Em breve minha irmã regressava ao nosso lar cheia de saúde e feliz, integrada no conhecimento da luz que deveria daí por diante nortear os nossos passos na vida”.
Chico Espírito Xavier – o grande mensageiro dos Espíritos, a mediunidade com Jesus e Kardec, o apóstolo da mediunidade. “Serão das personalidades que as assinam? - é o que não posso afiançar. O que posso afirmar,categoricamente, é que, em consciência, não posso dizer que são minhas, porque não despendi nenhum esforço intelectual ao grafá-las no papel. A sensação que sempre senti, ao escrevê-las, era a de que vigorosa mão impulsionava a minha. Doutras vezes, parecia-me ter em frente um volume material, onde eu as lia e copiava; e, doutras, que alguém mas ditava aos ouvidos, experimentando sempre no braço, ao psicografálas a sensação de fluidos elétricos que o envolvessem, acontecendo o mesmo com o cérebro, que se me afigurava invadido por incalculável número de vibrações indefiníveis”.
Chico Saber Xavier – os livros, as mensagens, o exemplo.
“Terei feito compreender, a quem me lê, a verdade como de fato ela é? Creio que não. Em alguns despertarei sentimentos de piedade e, noutros, rizinhos ridicularizadores. Há de haver, porém, alguém que encontre consolação nestas páginas humildes. Um desses que haja, entre mil dos primeiros, e dou-me por compensado do meu trabalho”.
Chico Amor Xavier – a vivência evangélica.
“Sobre o Brasil paira a bênção da mais grave responsabilidade: a da vivência do Evangelho puro e simples, em que a fé e a caridade, dando-se as mãos, demonstrem, para todos os nossos irmãos em sofrimentos e em negação, a presença de Deus! Nós agradecemos, com a alma e o coração empenhados no compromisso de servir e amar,porque a mais alta distinção de um filho de Deus Altíssimo é fazer sua augusta Vontade, em todos os lances e ocorrências do caminho!” Só nos resta, então, mais uma vez, agradecer a esse grande “Homem de Bem” portudo de bom e de belo que ele semeou e semeia diariamente em nossas mentes e em nossos corações, por meio dos inúmeros ensinamentos e mensagens de consolo e fé, trazidas pela sua mediunidade abençoada e exercida plenamente à luz do Evangelho e da Doutrina Espírita.Por fim, juntamente com alegria de comemorarmos o Centenário de Nascimento de Chico Xavier, compartilhamos com todos os participantes e simpatizantes do “Grupo de Estudos Joanna de Ângelis” – fonte originária do Projeto “Amai-vos e Instruí-vos” e de seu Informativo – a nossa, também, imensa felicidade de retornarmos a nossa Casa de origem, a nossa estimada Federação Espírita Pernambuca, a partir do mês de Agosto próximo. Que Deus, Jesus e os Espíritos Amigos protejam e fortaleçam, assim, os nossos melhores propósitos de aprendizagem e de vivência cristã!

Reflexão
“Somente os que ajuízam, acerca da ignorância própria, respeitando odomínio das circunstâncias que desconheçam, são capazes de produzirfrutos de perfeição com as dádivas de Deus que já possuem."

Veja mais no informativo:
  • Série Doutrinária: Chico Xavier – o Homem de Bem
  • Série Sentimento: O Perdão
  • Série Mediunidade: Dúvida, Convicção e Bom Senso
  • Série Reflexões de Um(a) Aprendiz: 3o Congresso Espírita Brasileiro
  • Série Intercâmbio Mediúnico: O Perdão
  • 3º Congresso Espírita Brasileiro: os 100 Anos de Chico Xavier e seu Legado ao Movimento Espírita
  • SUPLEMENTO
Faça o download aqui:
http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfJunho2010.pdf

14 julho, 2010

OS EVENTOS NO MOVIMENTO ESPÍRITA E SUA SINTONIA COM O ESPIRITISMO

Comumente temos visto surgir no movimento espírita eventos, objetivando captação de recursos financeiros e por vezes até o entretenimento, que, devido a sua natureza, estão a merecer de todos nós espíritas e principalmente dirigentes de instituições espíritas, uma reflexão mais apurada acerca da sua sintonia com os reais propósitos do Espiritismo no Mundo em que vivemos. Não queremos com isso evidenciar uma preocupação exagerada sobre o assunto, mas evitar que incorramos no erro referente aos fins justificando os meios.
Sabemos que, em síntese, o foco da missão do Espiritismo no Mundo é a melhoria ético moral da criatura humana, dentro dos fundamentos do AMOR, ensinados e vivenciados por Nosso Senhor Jesus Cristo; daí a Doutrina Espírita ser também denominada de O Cristianismo Redivivo. Tal direcionamento tem sua sustentabilidade no fato de que a criatura humana, uma vez moralizada, produzirá empreendimentos favoráveis a todos e não somente a poucos privilegiados. A moralização do ser humano não só favorecerá sua sobrevivência digna como também o auxiliará nas suas relações interpessoais, na sua vivência cidadã, e nas suas produções científicas, jurídicas, médicas, culturais, artísticas e no entretenimento, em geral.
O Centro Espírita como espaço educacional, por excelência, não pode perder esse foco. Suas ações e ensinamentos devem contribuir, essencialmente, para que o Espiritismo atinja todas as suas metas, principalmente aquela referente à promoção do progresso espiritual da criatura humana. Para isso, deve oportunizar, na sua dinâmica de atividades, o maior número possível de vivências voltadas para a solidariedade, fraternidade, e respeito entre as criaturas humanas, sem, no entanto, nenhuma delas ferir as recomendações do Cristo e do Espiritismo. Na sua busca, justa, de recursos para atender as necessidades de sobrevivência da própria instituição e/ou continuidade dos seus programas assistenciais é importante que nenhum evento seja realizado objetivando, unicamente, a superação dessas necessidades de ordem material. Que tais necessidades sejam consideradas e até sirvam de motivação para o planejamento de um evento, entretanto o estilo e o meio empregado para sua realização não devem colidir com os propósitos do Cristo através do Espiritismo. De certa forma Jesus deixou bem claro esse cuidado nessa passagem do Evangelho de Lucas:
“Aconteceu que, indo em viagem, entrou em uma certa aldeia. Uma mulher chamada Marta, o recebeu em sua casa. Esta tinha uma irmã, chamada Maria a qual, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. Maria, porém, afadigava-se muito na contínua lida da casa; e, apresentou-se diante de Jesus, dizendo: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado só com o serviço da casa? Dize-lhe , pois, que me ajude. O Senhor, respondendo, disse-lhe: Marta, Marta, afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Entretanto uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada.” (Lucas, 10 – 38 a 42)
No contexto das realizações das atividades dos Centros Espíritas, essa passagem da vida de Jesus e o ensinamento nela contido são bastante oportunos, isso por que, a exemplo de Marta, às vezes, somos levados a nos envolver mais com a lida da instituição, decorrente das frentes de trabalho abertas, do que com aquelas outras voltadas para a educação ético moral das criaturas (Marta, Marta, afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Entretanto uma só coisa é necessária). Não é raro vermos a ausência de trabalhadores das instituições nas reuniões públicas doutrinárias e nos grupos de estudo (sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra) por estarem bastante atarefados com os afazeres do Centro nos horários dessas reuniões, como Marta na lida da casa. Também, não é raro constatarmos a grande preocupação de algumas instituições espíritas em buscar recursos financeiros para a superação de suas dificuldades econômicas utilizando-se de iniciativas mais sintonizadas com os folguedos e eventos estranhos a moral espírita cristã, do que com aqueles coerentes com os propósitos doutrinários. Os folguedos regionais, como quadrilhas juninas, festas carnavalescas, forró, bingos, cirandas, etc., têm seu espaço devido e seus patrocinadores apropriados, que, decerto, não são nem as casas espíritas nem seus dirigentes. Não que esses eventos não tenham sua ressonância e aceitação na sociedade ou que sejam reprováveis, mas sim, por não se adequarem a proposta do Espiritismo para a humanidade. Senão vejamos; os festejos juninos evidenciam fogueiras, fogos de artifícios e quadrilhas com casamentos matutos que nada têm a ver com o Espiritismo. As festas carnavalescas e bailes de forró são estímulos para comportamentos geradores de desagregação no grupo, principalmente na nossa realidade social tão carente de uma moral e ética apropriadas à paz e a tranqüilidade. Os bingos, por sua natureza de jogo de azar, não se adéquam a prática espírita.
Desenvolver iniciativas voltadas para a moralização da criatura humana é ficar com JESUS. (Maria escolheu a melhor parte, que lhe não será tirada) É certo que a casa espírita precisa realizar atividades que visem à superação de suas carências, entretanto essas atividades devem somar-se a aquelas, já existentes na instituição, que estimulam as pessoas a colocarem em prática seus sentimentos de solidariedade, fraternidade e caridade que, na sua essência, são manifestações da centelha divina existente em todos nós. Espelhemo-nos no exemplo de Francisco de Assis, que ia aos lares sensibilizar seus moradores a fazerem doações aos pobres (socialmente carente) e enfermos. Nos dias atuais poderíamos ir a empresas comercias e industriais para sensibilizar seus dirigentes a integrá-las nessa jornada de solidariedade humana. Poder-se-ía também, promover feiras de livros espíritas, campanhas de donativos envolvendo freqüentadores e lares vizinhos a instituição, almoços e lanches fraternos, apresentações artísticas (teatro), culturais (poesias, contos e poemas) e musicais (coral e instrumental) com temática espírita, bem como apresentações de filmes seguidos de debates com finalidades doutrinárias
Coloquemos mais confiança nas palavras do Cristo quando nos conclama a confiarmos em DEUS, “Vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas elas. Buscai, pois, em primeiro lugar, o reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo.” (Mateus, 6 – 32 e 33). Todo aquele que divulga e crê com convicção nos ensinamentos de Jesus, naturalmente, jamais deixará de cumprir com suas orientações, sob pena de se incluir no rol daqueles a quem Jesus endereçou as seguintes palavras: “Por que me chamais vós Senhor, Senhor e não fazeis o que eu vos digo? Todo o que vem a mim, ouve as minhas palavras e as põe em prática.” (Lucas 6 – 46 e 47)
Se formos coerentes com Jesus e com o Espiritismo, decerto estaremos ajudando a construir um novo modo de vida no Mundo e entoando um novo e duradouro cântico de paz e Amor entre as criaturas. Quando as pessoas que vivenciarem a proposta espírita perceberem que ela, ao contrário dos modelos que hoje atraem multidões aos eventos, não só contempla a superação das necessidades e o entretenimento, mas acima de tudo contribui para um estado de felicidade pessoal e coletiva permanente, irão querer transplantá-la para o seu dia a dia, nas suas relações de trabalho, na sua vida familiar, na sua participação social e aí haverá mais instantes felizes entre as criaturas e o Espiritismo terá alcançado sua meta principal que é a de nos motivar a amarmo-nos uns aos outros como Jesus nos ama.

Xerxes de Luna

04 julho, 2010

A ARTE NO MOVIMENTO ESPÍRITA

Atualmente temos visto surgir no movimento espírita, muitas produções de natureza artística no âmbito do teatro, da música, da dança e da expressão corporal, para citarmos algumas delas. Cremos ser importante o surgimento de tais realizações, pois o Espiritismo em muito pode contribuir para a existência e manutenção da verdadeira Arte, aquela que busca despertar a essência divina que dormita na criatura humana. Entretanto, para tal, se faz necessário que os realizadores dessas produções no meio espírita, além de concentrarem a atenção na temática espírita que fará vir à tona os sentimentos sublimes dos espectadores e ouvintes, também atentem para a percepção plástica dessas realizações, isto é, pelas condições estéticas e os efeitos melódicos, cênicos e expressivos que retratarão a criação artística. Segundo o Espírito Vianna de Carvalho. “A Arte tem como meta materializar a beleza invisível de todas as coisas, despertando a sensibilidade e aprofundando o senso de contemplação, promovendo o ser humano ao páramos da Espiritualidade.” (Atualidade do Pensamento Espírita – item 144 – Psicografado por Divaldo P. Franco)

As manifestações artísticas produzidas no meio espírita quando fiéis a essa colocação do Espírito Vianna de Carvalho, fazem dos seus autores, realizadores e interpretes obreiros valorosos da difusão da Boa Nova anunciada por Jesus, através do Espiritismo. Para tal alguns cuidados são imprescindíveis. Na música, por exemplo, a letra deve estimular nos ouvintes sua sensibilidade para o bem e para o belo e a melodia deve ter ritmo e vibração sonora em plena comunhão com os propósitos espirituais da letra. Assim, com todo o respeito aos ritmos populares (samba, frevo, forró, marchas carnavalescas, etc.), não os vemos como fundos melódicos para as letras com cunho espírita. Esses ritmos sintonizam mais com os sentidos físicos das criaturas do que com a sensibilidade do espírito que as anima. Com essa colocação não queremos desvalorizar as tradições e culturas que caracterizam as músicas regionais, pois elas são alicerces para os avanços futuros, todavia a música espírita, além de entreter e alegrar deve instruir e apontar o caminho para a perfeição das criaturas; deve apresentar uma nova forma de enlevo para seus ouvintes; deve conduzi-los as paragens sublimes que os farão experimentar emoções diferentes daquelas comumente conhecidas e vivenciadas no mundo. Os grandes autores e intérpretes da música que trilharam esse caminho se tornaram imortais. Nós espíritas, ouvintes e artistas, não devemos menosprezar a boa música, popular ou não, nacional ou internacional, contudo devemos concorrer para o surgimento de um novo movimento musical, onde as letras e os ritmos melódicos estejam adequados aos propósitos evolutivos da criatura humana, sem no entanto incorporarmos a esse acervo melódico e musical, produções outras, advindas dos diversos segmentos religiosos ou não.

No que se refere às artes cênicas como o teatro, a danças e a expressão corporal, também como a música, essas manifestações artísticas devem, primordialmente, levar seus expectadores a perceberem a realidade nas suas duas dimensões da vida; a material e espiritual. Nesse sentido o Espiritismo pode muito contribuir, pois seu acervo literário é rico. No entanto, temos que refletir sobre a forma como essas obras devem chegar às pessoas. Não podemos, mesmo movido pelo desejo sincero de divulgar o Espiritismo, promover eventos de caráter artístico em nossas instituições ou fora delas, que contrariem a harmonia, o encantamento e a sublimidade das genuínas expressões da Arte, pois isso não só será um desserviço a Arte em si, como também a própria divulgação do Espiritismo. Os atores e as atrizes que encenarão as obras de natureza espírita deverão ser expressivos, dotados da técnica apropriada, isentos de arrebatamentos de vaidade e vedetismo, públicos ou de bastidores. As indumentárias utilizadas nas apresentações deverão ser compatíveis não só com o contexto da obra, mas acima de tudo, com os padrões morais exigíveis nos ambientes que estejam sob a responsabilidade espírita, o mesmo ocorrendo com as posturas e movimentos cênicos que não devem propiciar constrangimento aos espectadores. Movimentos cênicos desalinhados, impróprios ou que exponham as partes íntimas da anatomia humana, bem como a utilização, durante as encenações, de roupas que evidenciem acentuadamente o contorno do corpo, como se os atores estivessem desnudos, ou as que comprometem o pudor não devem fazer parte dos recursos cênicos e da indumentária dos eventos artísticos espíritas. Em hipótese alguma devemos importar para nosso meio, os destemperos de comportamento e as posturas inapropriadas dos pseudos artistas que, mesmo afrontando a estética e a moral, são plenamente aplaudidos e imitados por boa parte da sociedade. Para isso os artistas e diretores artísticos devem ter talento para poderem passar para o público, de forma natural, as impressões e expressões dos seus personagens. Tal condição não exigirá só competência técnica. Também exigira aprimoramento espiritual dos seus interpretes. Segundo o Espírito Vianna de Carvalho, na mesma obra supracitada, “à medida que o ser progride, amplia a capacidade de perceber a beleza e senti-la nas suas várias expressões.” Assim, constitui requisito básico para todos os que se propõem a divulgar o Cristianismo à luz do Espiritismo por meio da Arte, não só conhecer as obras básicas espíritas ou ser profissional nas artes cênicas, mas principalmente estar integrado às demais atividades de estudo e serviços da instituição a que esteja vinculado, ocasião em que não só lhe será oportunizado conhecer os ensinamento e propósitos espíritas como também, participar da dinâmica dos serviços realizados em prol da felicidade dos seus semelhantes.

Desta forma, há o Espiritismo de restaurar, com suas manifestações artísticas, o verdadeiro espírito da Arte; e no dizer de Emmanuel, na obra O Consolador, psicografada por Francisco Cândido Xavier, o artista verdadeiro será sempre “o médium das belezas eternas e o seu trabalho, em todos os tempos, fará tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano, alçando-o da Terra para o Infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia dos corações para Deus, nas sua manifestações supremas de beleza, de sabedoria, de paz e de amor.”

Xerxes Pessoa de Luna