04 setembro, 2008

Projeto Amai-vos e Instruí-vos - Setembro

Editorial

A Mediunidade
O processo que nos leva à busca para desvendar o “desconhecido”, nos conduz, por vezes, a trilhar os caminhos tortuosos do “achismo” e da improvisação e neles, frequentemente, nos perdemos, ou encontramos o misticimismo e o engodo. Ainda que pareça valer à pena, corremos riscos desnecessários para ficar diante do fenômeno, que, ilusoriamente, pode satisfazer a nossa curiosidade. Muitos, entretanto, dos que se aventuraram nessa empreitada, esqueceram-se dos ensinamentos do evangelista João, quando nos alertou para os falsos profetas (Cap. XXI, item 6, do Evangelho Segundo o Espiritismo), e traçaram dolorosos caminhos para si mesmos.
Desse modo, convém não esquecermos que a Codificação – principalmente, o Livro dos Médiuns, o grande manual da mediunidade – nos esclarece e nos conduz por um caminho seguro, bem como nos ensina que não basta possuir a mediunidade, mas é necessário educá-la e praticá-la de maneira correta e com observância dos princípios evangélicos, conforme nos recomenda a seguinte passagem evangélica: ”a mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente” (Cap. XXVI, item 10, do Evangelho Segundo o Espiritismo).
Para além dos princípios e ensinamentos codificados pelo emérito Allan Kardec, a Federação Espírita Brasileira – FEB, entidade responsável pela orientação do Movimento Espírita organizado, no intuito de divulgar, de forma correta, o Espiritismo, de contribuir para a definição de um caminho seguro para os trabalhadores da mediunidade, que atuam na Casa Espírita, bem como para a uniformização dos critérios relativos à realização das reuniões mediúnicas, ofereceu, no corrente ano, o documento orientador denominado “Organização e Funcionamento da Reunião Mediúnica Espírita”. Trata-se de um importante trabalho – realizado em conjunto pelos coordenadores da atividade mediúnica, representantes das diversas federativas do país, durante as reuniões das comissões regionais – que oferece subsídios para os interessados em implantar ou reavaliar as tarefas mediúnicas de suas Casas Espíritas.
Assim, dentro de sua proposta inicial de contribuir para a qualificação do trabalhador espírita – especialmente, do campo mediúnico – bem como para divulgar e dar início ao estudo e à aplicação mais detalhada do referido documento disponibilizado pela FEB, o Projeto Amai-vos e Instruí-vos, tem a alegria de convidar os confrades espíritas para o Seminário “Organização e Funcionamento da Reunião Mediúnica Espírita” (Módulo I), que será realizado no dia 14 de Setembro de 2008, das 9h às 13h, no Cenáculo Espírita Casa de Maria – CECAM. De maneira dinâmica e dialogada, portanto, serão abordados os seguintes temas: conceitos básicos, as reuniões mediúnicas (características, finalidades, organização e funcionamento, etapas) e o trabalhador do grupo mediúnico (perfil, características e condições de admissão e afastamento).
Que Jesus, o Mestre Incomparável, e os Amigos Espirituais acolham e protejam, pois, os nossos sigelos esforços de fraternidade e de vivência evangélica.
Otavio Pereira de Oliveira – Coordenador do Projeto

Pensamento
“Misericórdia, Justiça Divina, consolações inefáveis, braços amigos, diretrizes renovadoras e auxílio constante não te faltam, em tempo algum; contudo, está em ti mesmo aceitar, adiar, reduzir, facilitar ou agravar o preço da tua libertação.” (Emmanuel in Justiça Divina, pag. 46)

Reflexão
“O conceito que os outros fazem a teu respeito vale o que valorizas; as dificuldades que te impõe obstaculam quanto supões; o sarcasmo e a perseguição representam o que consideras; a dor é o que se deseja que valha...” (Joanna de Ângelis in Médiuns, Mediunidades e Reuniões
Mediúnicas, Rogério Coelho pag. 214)

Série Mediunidade

A Obsessão e o Médium
(Subjugação)
A bondade divina sempre nos acompanha nos intrincados caminhos de nossas existências. Se por vezes não conseguimos compreender as causas e as necessidades de processos evolutivos dolorosos, como o da influenciação obsessiva por subjugação, certo é que poderemos verificar, contínua e ininterruptamente, a atuação de Deus e de seus mensageiros no deslinde das mais difíceis questões e no restabelecimento dos mais puros laços de afeto.
Nesse sentido, Allan Kardec, de maneira muito clara, nos ensina, no Livro dos Médiuns, que a subjugação consiste numa constrição que paralisa a vontade do espírito subjugado – interferindo, pois, decisivamente no seu livre arbítrio – fazendo-o agir a seu maugrado. Classifica-a, ainda, o referido missionário, em duas espécies: a) a subjugação moral – quando o obsidiado é constrangido a tomar decisões absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele considera sensatas; e b) a subjugação corporal – em que o espírito subjugador atua diretamente sobre os órgãos do subjugado, provocando movimentos contrários a sua vontade, que podem gerar os mais ridículos atos.
Em casos dessa natureza, a terapêutica mais eficaz, estabelecida pelo Evangelho Segundo o Espiritismo, aponta para – além da renovação dos fluidos, através dos passes e da água fluidificada – a importância da prece e, principalmente, para a ação amorosa sobre o ser inteligente, efetivada por espíritos com autoridade moral, que vivenciam e exemplificam na sua maior grandeza a lei de solidariedade e de amor ao próximo.
Diante de tudo isso, cabe ao medianeiro uma silenciosa reflexão sobre aspectos importantes de sua existência, como vontade, fé, fraternidade e amor ao próximo, na certeza de que, se nem sempre obtemos o que queremos, certamente temos o de que mais necessitamos para irmos ao encontro da Divina Sabedoria e Suprema Benevolência.
(Fonte: KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 70a edição. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2002, Capítulo XXIII: Da Obsessão, p. 309/310; Evangelho Segundo o Espiritismo. 124ª edição. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, Capítulo XXVIII, p. 520/522).

Jaciana Medeiros Coriolano, trabalahadora FEP


Série Sentimento

A humildade
Em seu apostolado divino, Jesus colocou a humildade como condição essencial para a felicidade prometida aos eleitos do Senhor e afirmou que não veio para ser servido, mas sim para servir. E o que nos falta para começar a praticar tão nobre virtude?
Nesse sentido, as Escrituras nos apresentam, dentre outros, três bons argumentos para a prática da humildade: a) “Sois pó e em pó vos haveis de converter” (Eclesiastes, Cap. 3, v.20): será que essa reflexão de que nosso corpo será convertido em pó já não é um bom motivo para praticar a humildade? Inadmissível, pois, considerar-se maior ou melhor do que o outro, tratar mal ou ignorar as pessoas, se Deus nos criou todos iguais, simples, pequeninos, mas com aptidão para o bem. Por que retardar a nossa própria evolução, perdendo tempo com orgulho e soberba? b) “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus” (São Mateus, Cap. 5, v. c) e “Mais vale para a felicidade do homem ser pobre em espírito, no sentido do mundo, e rico em qualidades morais” (Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VII): Jesus quis dizer que o reino dos céus é dos simples, dos humildes e que devemos combater o orgulho; e d) “Todo aquele que se humilhar e se tornar pequeno como uma criança será o maior no reino dos céus” (São Mateus, Cap. 18, v. 1 a 5), pois a criança simboliza a simplicidade de coração, o amor puro.
Tudo isso nos faz lembrar que, muitas vezes, se torna necessário recuar numa discussão, pedir perdão, perdoar, reconhecer o erro, aceitar as limitações de cada um, bem como as nossas, para evitar, por conseguinte, um mal maior. Quantas brigas poderiam ser evitadas se praticássemos a humildade? É preciso, portanto, analisar a consciência, a fim de saber se não fomos o primeiro a fazer um mal ou se fizemos tudo o que podíamos para evitar esse mesmo mal.
Assim, penso que deveríamos estudar mais sobre virtudes e valores nas escolas – além de desenvolvermos a intelectualidade – uma vez que, em nosso cotidiano, eles são, frequentemente, cobrados nos nossos relacionamentos, nas situações corriqueiras, nas relações com a família, colegas de classe e de trabalho, nas relações entre superiores e subordinados, entre outras. E, nesse contexto, pelos benefícios que produz, a humildade pode contribuir enormemente para a harmonização das relações humanas.
Para além disso, entendemos que quatro atitudes podem ser adotadas para nos auxiliar a praticar a humildade, quais sejam: a) não considerar-se superior a ninguém, mas sim compreender as pessoas como companheiros de jornada; b) diante da indecisão sobre “que atitude tomar”, perguntar a si mesmo: “O que Jesus faria no meu lugar?” c) reflexionar, diariamente, sobre as próprias atitudes e realizar um “balanço moral”, no intuito de se conhecer mais intimamente; e d) orar, orar e orar, pedindo a Deus forças para perseverar no bem.
O amor, então, é sempre a saída para os nossos problemas e a chave para a nossa saúde. A humildade, por outro lado, nos propicia a indulgência com as fraquezas alheias, o perdão das ofensas, a gratidão a Deus, por todo aprendizado, o reconhecimento de nossa pequenez, diante da grandeza do universo, bem como a imensa oportunidade que é servir.
Sejamos, portanto, para sermos mais felizes, como recomendou Jesus, humildes e puros de coração!

(Tereza Cristina Morais Oliveira, trabalhadora da Casa dos Humildes)

Série Doutrinária

Mediunidade Gratuita
A mediunidade, segundo Allan Kardec – no Capítulo XXIV, item 12, do Evangelho Segundo o Espiritismo “é uma certa predisposição orgânica” de que as pessoas são dotadas. Não é uma arte, nem um talento e muito menos um privilégio. Por meio dela se estabelecem os intercâmbios entre os Espíritos e os homens. Mais do que isso, se constitui em um dos caminhos que Deus se utiliza para nos ajudar na prática da caridade e do amor ao próximo, bem como para o nosso próprio aperfeiçoamento moral e espiritual.
Para realizar suas finalidades divinas – fomentar o progresso individual e coletivo – entretanto, a atividade de intercâmbio mediúnico deve ser executada de forma séria, gratuita e religiosamente. Nesse sentido, não deve ser exercida como uma profissão e nem ensejar qualquer espécie de remuneração ou gratificação ao medianeiro, em plena conformidade com o ensino evangélico “dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido (São Mateus, 10:8)“. Além disso, o médium que se candidata à tarefa mediúnica com Jesus e que a pratica, com seriedade e religiosidade, recebe muito mais do que qualquer benefício material, pois, de acordo com o Evangelho, “... digo-vos, em verdade, que ninguém deixará, pelo reino de Deus, sua casa, ou seu pai, ou sua mãe, ou seus irmãos, ou sua mulher, ou seus filhos – que não receba, já neste mundo, muito mais, e no século vindouro a vida eterna". (S. Lucas, 9:61 e 62).
Infelizmente, alguns médiuns alegam que dedicam um tempo muito grande para as atividades mediúnicas e que, por isso, acham justo receber um “pagamento” pelo trabalho e dedicação. Ledo engano e totalmente contrário aos preceitos evangélicos! Esse tipo de argumento exemplifica a conduta do médium imperfeito. Moralmente, pode ser classificado como mercenário, já que explora sua faculdade, e como ambicioso, pois espera tirar vantagem dela. Por conseguinte, está sujeito a ser assistido por espíritos de igual imperfeição, uma vez que os semelhantes atraem semelhantes.
E para dissipar todas as nossas dúvidas relativas à prática gratuita da mediunidade, o Mestre Jesus, quando expulsou os mercadores do Templo, evidenciou que a Casa do Pai não era lugar para comércio e, consequentemente, não poderia ser usada para aquisição de bens materiais. Estabeleceu, ainda, que a única moeda permitida para a prática das atividades santas era o amor. Da mesma forma, nos orienta a Espiritualidade Superior, quando, compreendendo as necessidades materiais do ser humano, não exige mais tempo de dedicação ao intercâmbio mediúnico do que aquele que se pode dar sem prejuízo ao bem estar do médium e de sua família.
Exercer gratuitamente a mediunidade, mais do que indispensável para um adequado e seguro intercâmbio mediúnico, é, portanto, um dever cristão.

(Fonte: KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 70a edição. Brasília, FEB, 2002; Evangelho Segundo o Espiritismo. 163a edição. São Paulo, Instituto de Difusão Espírita, 1993).
Lenira Pereira, trabalhadora do Centro de Estudos Espírita “Joanna de Ângelis”, Aracaju/SE.

15 junho, 2008

Informativo Projeto Amai-vos e Instruí-vos - Julho




Editorial - Um Pouco de História

Em 2003, mais precisamente no mês de Agosto, estava o ESTEM concluindo a sua primeira turma inaugural do Estudo Sistematizado da Mediunidade – ESTEM. Três anos haviam se passado. O grupo, que iniciara com cinqüenta participantes, estava, naquele momento, reduzido a trinta concluintes. Desses trinta, quinze integrantes nos procuraram, trazendo uma proposta para aquele horário – que já estava programado, no dia a dia de cada um, para estudo. Assim, segundo eles, seria ideal que pudéssemos criar um grupo de estudo de obras espíritas, pois, desta forma, manteríamos uma atividade de aprendizagem.

Para viabilizar a proposta, então, oferecemos uma lista com o nome de dez obras espíritas importantes para o estudo do homem e da mediunidade e, em votação aberta, escolhemos o livro Autodescobrimento, da autora espiritual Joanna de Ângelis, psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco. Nasceu, assim, o grupo de estudos.

Mas, embora todos os grupos pareçam iguais, queríamos que esse – que, mais tarde, adotou o nome de Grupo de Estudos Joanna de Ângelis – possuísse características próprias. Propusemos, então, a seguinte metodologia: a) não haveria apresentação em forma de exposição individual, mas leitura e estudo detalhado, parágrafo por parágrafo, da obra escolhida, comparada, sempre, com as obras básicas e complementares da Doutrina Espírita; b) o estudo poderia ser enriquecido com as vivências dos participantes; c) no final de cada capítulo, seria apresentado um resumo por um membro do grupo, previamente escolhido; e d) não haveria qualquer tipo de burocracia ou de controle e o integrante teria compromisso apenas consigo mesmo. Nesse contexto, a metodologia foi aprovada e funcionou, proporcionando, inclusive, a descoberta de valores individuais, que, vencendo as próprias inibições, mais tarde, passariam às lides do ensino doutrinário.

Desse modo, a reunião que, em princípio, era quinzenal passou, em virtude das reiteradas solicitações do grupo, a ser semanal. A descoberta mais sensível, no entanto, ocorreu quando soubemos que a espiritualidade amiga aproveitava aquele espaço para esclarecer e informar, também, os espíritos desencarnados. Além disso, mediante diversos relatos dos participantes do grupo, observamos que, ao longo do tempo, o estudo funcionava como um trabalho de auto-cura e de auto-educação, na medida em que esclarecia a todos sobre a natureza, os desafios e as possibilidades do espírito à luz do Espiritismo. Assim, o grupo prosseguiu até o início do ano de 2006, quando – por razões administrativas – foi obrigado a encerrar suas atividades. Tal fato, contudo, não foi suficiente para arrefecer o ânimo daqueles que queriam apenas estudar a Doutrina Espírita e, no mesmo ano, algumas instituições espíritas se disponibilizaram a acolher o grupo. O desafio, contudo, passou a ser conciliar o nosso horário com os das outras casas espíritas. Então, finalmente, no mês de Outubro de 2006, ao obtermos o apoio incondicional do Cenáculo Espírita Casa de Maria – CECAM e, por conseguinte, a possibilidade de manutenção do horário habitual do estudo, bem como a utilização de suas instalações físicas, o grupo prosseguiu com suas atividades e se mantém, até hoje, com suas características originais de estudo das obras de Joanna de Ângelis (Autodescobrimento, O Homem Integral, O Ser Consciente e, atualmente, Triunfo Pessoal), com apoio na codificação e demais obras complementares da Doutrina Espírita.

Para além disso, durante esse período, identificamos a carência de qualificação do trabalhador espírita de Pernambuco – especialmente, na área da mediunidade – e alimentamos a idéia de desenvolver um projeto, que pudesse levar ao Movimento Espírita uma assistência técnico-doutrinária, em que se destacasse a Doutrina Espírita, independentemente de posturas políticas e/ou personalistas. Encontramos a resposta, pois, ao meditarmos sobre o ensinamento doutrinário: “espíritas amai-vos, Espíritas instruí-vos”. Nasceu, assim, o Projeto Amai-vos e Instruí-vos. Dessa forma, numa parceria intrínseca e fraterna entre o Grupo de Estudos Joanna de Ângelis e o Projeto Amai-vos e Instruí-vos, agradecemos o apoio e o auxílio afetuoso de todos os amigos – encarnados e desencarnados – e exortamos, mais uma vez, “espíritas amai-vos, espíritas instruí-vos”.

Faça o download do Informativo completo aqui: http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfJulho2008.pdf

03 abril, 2008

Pensamento

"Nossos pensamentos são paredes em que nos enclausuramos ou asas com que progredimos na ascese" (Emmanuel - Fonte Viva, p.339)



Reflexão

"A grande questão é obedecer a Deus amando-O, e servir ao próximo de boa vontade. Quem solucionou semelhante problema, dentro de si mesmo, sabe que todas as criaturas e situações da senda são mensagens vivas em que podemos recolher as bênçãos do amor e da sabedoria, se aceitamos a lição que o Senhor nos oferece" (Emmanuel - Fonte Viva, p. 236)

21 março, 2008

Reflexões

“O ser humano deve aprender a ser feliz conforme as circunstâncias, introjetando e vivendo a compreensão da sua transitoriedade física e da sua eternidade espiritual” – (Joanna de Angelis (Triunfo Pessoal – Divaldo Pereira Franco)

Nesta passagem Joanna de Angelis nos leva a refletir acerca dos nossos problemas, da centralização e do dimensionamento exagerado destes. Porque é mais fácil para nós nos lembrarmos de fatos acerbos que aconteceram na nossa vida do que dos momentos de alegrias em que vivenciamos?

Sob um enfoque materialista que sentido tem se suportamos mais ou menos o sofrimento? Ou qual o ensinamento que tiramos por passarmos por essa ou aquela dificuldade? Ou da forma como passamos?

O sentido é puramente humano, ligado aos sentimentos e valores que carregamos conosco.
Em um estudo realizado por pesquisadores da universidade Wisconsin, no qual praticantes de budismo e estudantes voluntários foram submetidos a uma série de testes com um equipamento de Ressonância Magnética Funcional foi constatado que os praticantes do budismo apresentavam os maiores índices de atividade na área do cérebro associada a pensamentos positivos (http://www.pnas.org/cgi/content/full/101/46/16369). Nesta pesquisa destacou-se a figura do francês Matthieu Ricard, doutor em genética celular pelo Instituto Pasteur, que abandonou a carreira para se dedicar ao budismo, e atualmente mora em um mosteiro budista no Nepal. Os resultados da ressonância apresentados por Matthieu superaram em muito os dos outros participantes na área responsável pela emoção positiva (http://www.matthieuricard.org/biography). Portanto não é o prazer do acúmulo dos bens, sexo ou a utilização de alguma droga que causa felicidade e sim o cultivo e o exercício de bons pensamentos e bons sentimentos.

A ciência atualmente estuda as causas da felicidade, o treinamento da mente e a “plasticidade mental” que é a capacidade humana de modificar fisicamente o cérebro por meio dos pensamentos que escolhemos ter. Pensamentos negativos significam atividade no córtex direito do cérebro e em conseqüência maior ansiedade, depressão e hostilidade. Bons pensamentos e uma visão positiva da existência exercitam o córtex esquerdo, elevando as emoções prazerosas e a felicidade (http://www.matthieuricard.org/biography).

Segundo Leon Denis, no livro “O problema do ser, do destino e da dor”, o cérebro é um simples instrumento que serve ao Espírito para registrar as suas sensações. Quando o instrumento está perfeitamente afinado, as teclas dão, sob a ação da vontade, o som peculiar a cada uma delas e reina a harmonia em nossas idéias e nos atos; mas se estas estiverem desalinhadas o som que produzirão não será o que deve ser. Mais adiante ele nos coloca que uma alma mais delicada necessita de um instrumento mais perfeito que se preste a manifestação de um pensamento elevado e fecundo.

Apesar de não estarmos ainda na condição de Espíritos elevados podemos educar os nossos pensamentos, para que, segundo nos afirma os benfeitores espirituais e até o próprio Ricard, transformá-los e dirigi-los ao eixo positivo. Portanto a ciência vem confirmar a necessidade de transformação moral que a Doutrina Espírita nos coloca com tanta propriedade.

Corroborando com isso nos afirma André Luiz, em Missionários da Luz, que no lar, no trabalho, nas diversões e na via pública cada criatura recebe o alimento mental que lhes é trazido por aqueles com quem convive temperado com o magnetismo pessoal de cada um. É desse alimento que depende muitas vezes os estados íntimos de felicidade ou desgosto, de prazer ou sofrimento que nos encontramos pelo fato de não termos alcançado o domínio das próprias emoções. Esse domínio nos permitiria selecionar as emissões que chegam até nós e assim só ambientarmos dentro de si as de natureza positiva.

Por outro lado existem fatos ou situações que surgem em nossas vidas sem motivos aparentes, pelo menos nessa existência, e é nesse ponto que destaca também o fator circunstâncias citado por Joanna.

“Como lenhos ressequidos, ao calor do mal, sofremos por necessidade, em favor de nós mesmos” – Emmanuel (Caminho, Verdade e Vida/Chico Xavier).

Com esse enfoque Emmanuel dá ênfase à necessidade destes sofrimentos para o Espírito, vindos na forma de provas ou expiações cabe a este escolher a forma e a condição por que passa por essas situações. É neste ponto em que aparecem as individualidades, pois se para uns sofrimento é sinônimo de resignação, para outros é de revolta. É nesses extremos também em que divisamos a condição espiritual em que nos encontramos.

Mas isso não significa infelicidade e sim a citada compreensão da nossa transitoriedade física e da eternidade espiritual que se faz tão importante, sendo necessário para isso a introjeçao dessa condição sob forma de sentimento. O que Joanna quis nos dizer com essa afirmação é que simplesmente até nessa condição a felicidade está ao nosso alcance.

Portanto podemos individualizar a nossa felicidade de acordo com a nossa condição, e para isto, basta termos vontade.
(Texto produzido pelo membro do Grupo de Estudo da obra de Joanna de Ângelis do Projeto Amai-vos e Instrui-vos, Josemir Neves )