20 dezembro, 2009

VERDADE LIBERTADORA - por Jorge Santana

VERDADE LIBERTADORA (I)

Uma passagem instigante do Evangelho de João apresenta um dos eixos do ensino de Jesus: “... conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32). O texto, porém, principia estabelecendo uma condição: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos”... (Idem, ibidem). Assim, o correto entendimento desta mensagem – que a verdade liberta o Espírito – pressupõe o trabalho persistente, atento e minucioso de um discípulo sobre a palavra do Mestre.
Ora, a primeira questão a investigar-se é sobre a própria natureza da verdade. Diante de Pilatos, Jesus declarou, enfaticamente: “Para isto vim ao mundo: para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). Então, o Governador romano perguntou-lhe, em tom de enfado e descrédito: “Mas, que é a verdade?” (Jo 18, 38). E o evangelista, ressaltando o desinteresse do Governador pela resposta, registrou: “Dito isto, saiu de novo ao encontro dos judeus...” (Id., ib.). A pergunta, porém, ainda hoje continua inquietando as mentes curiosas e desafiando os espíritos sedentos de luz e perfeição.
Ao longo da História, muitas correntes filosóficas buscaram resposta para essa questão crucial e, obviamente, para outras a ela associadas, como, por exemplo, se é possível alcançar a verdade, se há caminho que a ela conduza, se existe meio ou recurso para reconhecê-la etc. O essencial é que o espírito humano não pode renunciar à compreensão do conceito de verdade, porque, entre outras razões, dela depende a consistência e o resultado do seu trabalho evolucionário. Que sentido, que valor, que utilidade haveria de ter a existência humana, caso não estivesse fundada na verdade ou, pelo menos, no pressuposto da verdade?
Independentemente de chegarmos a ela ou não, de a possuirmos inteira ou só em parte, de a conquistarmos definitiva ou só temporariamente, a verdade se nos afigura como a correspondência entre o sujeito pensante e o objeto pensado, ou seja, como a identidade entre a mente e o existente fora dela. O que nos ajuda a situar e mover no mundo é a certeza da possibilidade de sintonia, ainda que parcial e provisória, entre o nosso mundo consciencial ou simbólico e o nosso mundo concreto ou histórico. É sobre tal pressuposto que se ergue toda construção do espírito humano.
Ocorre que essa coerência de mente e mundo pode assumir várias formas: uma, classicamente denominada verdade lógica – quando é a mente que sintoniza com o objeto, isto é, quando apreende o que ele de fato é –, equivale à verdade do conhecimento; outra, chamada verdade ontológica – quando o objeto é que corresponde ao modelo mental, quer dizer, quando o objeto é fiel à concepção esboçada pela mente –, é a verdade inerente ao ser; uma terceira, identificada como verdade moral – quando o objeto fala corresponde ao fato mental, ou seja, o que se diz é o que se pensa –, corresponde à verdade da comunicação ou do comportamento social. Nesse caso, a inverdade, enquanto negação da identidade de consciência e mundo real, também se diferencia em erro (como o inverso da verdade lógica), falsidade (a antítese da verdade ontológica) e mentira (o inverso da verdade moral).
Isso posto, depreende-se a profundidade e a amplitude da mensagem de Jesus. Com efeito, se buscamos, com todo o empenho, a verdade do conhecimento, libertar-nos-emos de todos os erros. O mais importante, porém, é que descobriremos a nossa realidade essencial, o destino autêntico que nos cabe plasmar, com segurança, e o caminho que devemos trilhar, sem risco de desvio.
Por outro lado, se buscamos fazer, no dia a dia, a verdade do ser que a consciência nos aponta como desejável, porque inscrito no projeto ou desígnio divino – “Façamos o Homem à nossa imagem, como nossa semelhança... E Deus criou o Homem à sua imagem; à imagem de Deus Ele o criou...” (Gn 1, 26-27) – estaremos burilando em nós o ser progressivamente liberto das imperfeições atitudinais e falsidades comportamentais e aproximando-nos do ideal do Espírito puro. Eis a grande libertação nossa: a realização gradativa da plenitude do ser, que somos.
Enfim, se buscamos, em nossa convivência social, pautar nossos atos pela verdade moral, estaremos crescentemente livres de todas as expressões da mentira. Interiormente unificados e, pois, harmonizados e pacificados, contribuiremos, de forma decisiva, para a instauração de um novo mundo de cooperação, solidariedade, amizade e paz entre os homens.
A Doutrina Espírita projeta uma luz poderosa sobre o Evangelho de Jesus. Facilita-nos a decodificação das suas lições. Aponta-nos insuspeitadas vias de acesso às mensagens do Mestre, veladas pelo simbolismo das analogias e parábolas. Derrama em nós abundantes jorros de consolação e esperança. E, acima de tudo, incita-nos à transformação da nossa vida, propondo-nos inovadores padrões atitudinais e novos e criativos critérios de comportamento. Tudo, e sempre, sob o compromisso inarredável com a verdade. Porque vem dela a libertação do Espírito.

VERDADE LIBERTADORA (II)

A verdade do conhecimento liberta o Espírito das ilusões, enganos e erros. A verdade do procedimento – que esculpe o Espírito de conformidade com a imagem por ele desejada e assumida como propósito individual – liberta-o da falsidade, isto é, da distorção do próprio ser, da formação de si mesmo em desacordo com seu projeto. Enfim, a verdade do relacionamento do Espírito com os outros liberta-o de toda mentira.
A Doutrina científica, filosófica e moral Espírita – inspirada e assistida pelo Espírito Verdade, à frente da “invasão organizada dos Espíritos Superiores”, segundo registrou José Herculano Pires, em “O Espírito e o Tempo” – propõe-se a iluminar, transformar e consolar todos aqueles que, consciente ou inconscientemente, buscam a libertação, a paz, a serenidade autêntica. Ela oferece a “caritas” dos primeiros cristãos, isto é, o ágape espiritual, o banquete do alimento do Espírito, interessado na verdadeira vida o encontro que eles organizavam em obediência à determinação de Jesus: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 12).
Em que consiste a iluminação? Na revelação da verdade. O avanço do Espírito principia da curiosidade por des-cobrir o que subjaz às aparências das coisas (os fenômenos). Persiste nas mil e uma tentativas desse des-velamento. E não descansa, enquanto não encontra a evidência ou luminosidade do substrato (ou númeno) em que se apoiam as manifestações da Natureza. Nesse percurso, o pressuposto é que nada se constrói sem uma base sólida. Daí a necessidade da remoção da fluidez das aparências ou, por outra, da retirada do véu que esconde a verdade, na sua vertente lógica. Apenas sobre ela tem o Espírito a certeza de uma progressão segura. Em suma, é pela iluminação acerca do sujeito (o próprio Espírito), do objeto (o mundo) e do absoluto (Deus, transcendendo o sujeito e o objeto) que começa o verdadeiro processo de libertação do Espírito.
A revelação do Espírito, enquanto sujeito, é o autoconhecimento. Descobrir-se pode, a cada um, parecer fácil e imediato. E certamente o é, em se tratando da primeira camada de fenômenos ou experiências do dia a dia. Quantos, no entanto, ultrapassam esse primeiro sedimento e vão além, até o encontro com a sua realidade mais profunda e radical? Quem consegue arrancar todas as suas máscaras (suas “personas”) e dar de cara com a sua verdadeira identidade (sua individualidade)? No entanto, é nesse recinto privativo que mora a verdade de cada um. Aí reside a espiritualidade original, a individuação do princípio inteligente do Universo, a fonte da imortalidade, a vida propriamente dita. A libertação verdadeira exige o desenvolvimento do Espírito, seja na acepção do seu não-envolvimento com a ilusão das aparências e do transitório, seja no sentido do desdobramento das potencialidades inscritas na sua essência e natureza.
O Espírito, porém, não avança, entitativa e eticamente, à margem da relação com o Outro. Ele carece da revelação do objeto, como sua antítese, seu espelho, seu desafio, seu estímulo, seu crítico, mas também seu amparo e mestre. Aberto à comunicação com o Outro, o Espírito não se desenvolve separado dele. Ora, o Outro é o mundo, na sua complexidade: inorgânico, orgânico e, sobretudo, humano. E é nele e com ele que há de transitar, da nesciência e simplicidade originária à plenitude e perfeição do próprio ser. Importa, assim, ao sujeito descobrir esse objeto, que abriga suas oportunidades evolutivas, aos poucos desveladas e progressivamente aproveitadas, ao longo dos seus momentos existenciais. Reconhecer o Outro, como tal, respeitar o Outro, como tal, aprender com o Outro, como tal, e defender o Outro, como tal, constituem o cerne da Ética da Alteridade, sem a qual o Espírito estacionaria, no seu projeto de aprimoramento. E é preciso não esquecer a diretriz do Mestre Jesus: “Sede perfeitos, como perfeito é o vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5, 48). Eis o desafio primordial do Espírito, de cuja vitória depende o que experimentará como felicidade verdadeira.
O conhecimento do absoluto sintetiza a revelação da verdade lógica. Com efeito, a descoberta do sujeito apreende a inteligência fluindo no seu âmago. O desvelamento do mundo capta a inteligência nas relações constantes (ou leis) entre os objetos e mesmo no interior deles. Mas, a curiosidade do Espírito somente se aplaca no descobrimento da inteligência, que, necessária, subjaz à contingência do sujeito e do objeto. Essa Inteligência Suprema corresponde não a uma faculdade (ou potência) de entender nem a uma entidade pessoal, senão à lógica geral do Universo e é, por isso mesmo, a razão fundadora, “a causa primária de todas as coisas”, segundo a Doutrina Espírita (Questão nº 1 de “O Livro dos Espíritos”). Essa compreensão sutil, ainda que parcialíssima, de Deus – inalcançável na sua infinitude e transcendência –, preserva-o de todo viés antropomórfico, mantém, nos devidos termos, sua imanência no mundo e serve, por isso, de pedra angular para a firmeza do edifício a ser erguido pelo Espírito.
Da promessa de Jesus – “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32) – deve-se entender que o conhecimento da verdade é o princípio do aprimoramento libertador do Espírito. (Como se costuma dizer, no Nordeste brasileiro, “quem não sabe é como quem não vê... e, então, não é livre, mas refém dos outros, que o conduzem pela mão.”) Daí resulta o dever ético de buscar essa verdade, porquanto há de constituir o referencial diretor das novas atitudes e dos novos padrões de comportamento do indivíduo, empenhado na própria transformação.

VERDADE LIBERTADORA (III)

Conhecer a verdade significa iluminar o caminho, que conduz à liberdade autêntica. Mas, é claro, não se chega a ela sem caminhar na sua direção. Eis porque o Mestre Jesus ensinou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (Mt 7, 21). Em outras palavras, não basta a iluminação, a descoberta da verdade, para alcançar a perfeição espiritual, a libertação das amarras impeditivas da purificação do Espírito, sem a qual não se entra no reino eterno (Mt 19, 14; Mc 10, 15; Lc 18, 16-17). Além de conhecer a verdade, é preciso edificar a verdade.
A verdade lógica expressa um referencial de comportamento para o Espírito. Nesse caso, cabe ao comportamento reproduzi-la, no dia a dia, moldando e esculpindo o Ser, concebido logicamente como desejável. Na proporção em que o Espírito se aproxima desse modelo, mais verdadeiro, ontologicamente, se torna. Nisso consiste o processo da sua transformação.
O Espírito se autoesculpe gradativamente, numa sequência existencial, que, bem aproveitada, o vai desvencilhando de laços, dívidas e sombras desviantes do seu projeto de Ser, ao mesmo tempo em que vai desdobrando seu potencial de virtudes dianoéticas, estéticas e éticas e desbastando suas imperfeições e senões. De certo momento em diante, ele se reconhecerá liberto de toda negatividade, o que vale dizer, realizado na plenitude do Ser e, por isso mesmo, gozando da felicidade de Espírito puro.
Esse processo de transformação e desenvolvimento compreende, na prática, a modelagem da verdade das atitudes mentais, do comportamento moral e da vida plena. O trabalho de esculturar a verdade das atitudes mentais transforma os padrões de pensar e obtém como resultado um Espírito sábio, aquele não apenas enriquecido de informações várias e cultura vasta, como, acima de tudo, dotado de discernimento e tal compreensão das coisas, que não se deixa envolver por seus encantos e atrativos. Livre dos erros e enganos, desprendido de toda adulação e sereno nos seus juízos, investiga a natureza profunda dos fatos e objetos, buscando unicamente a verdade, como farol da sua caminhada e orientação dos outros Espíritos com quem convive.
A verdadeira sabedoria, porém, não é arrogante. Conquanto segura das suas conquistas intelectuais, mantém-se aberta a novos e surpreendentes avanços, porque não lhe escapa a evidência da infinidade de dimensões em que se tece o Universo, impossível de serem todas apreendidas por uma consciência solitária. Essa percepção leva, naturalmente, à tolerância, fundamento da Ética da Alteridade, entendida como reconhecimento do outro, respeito ao outro, aprendizagem com o outro e defesa do outro. Além disso, a sabedoria autêntica não se move com sofreguidão. Ao invés, conhecendo o ritmo da Natureza, não se afana, tentando converter os outros aos seus pontos de vista, conquanto identificados com a verdade. O sábio carrega luz em si e não a sonega a ninguém, mas tampouco a impõe a quem quer que seja. A sua maior contribuição é a coerência de atitude e comportamento.
A esse respeito, a lição de Jesus é bastante clara: “Brilhe vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). Quer isso dizer que o exemplo, revelador das atitudes assumidas pelo Espírito, constitui o meio mais eficaz de comunicação social do processo libertador. Eis a diretriz para a construção da verdade do comportamento moral. Transformam-se com ela os padrões de agir e de fazer, ou seja, da ética, da estética e da técnica. Iluminado pela mensagem do Mestre Jesus, o Ser em renovação vai, aos poucos, procedendo como autêntico cristão. Assim, o que dá a conhecer externamente é tão só reflexo da sua adesão íntima à mensagem salvadora desse inigualável Missionário de Deus.
A propósito, O Evangelho segundo O Espiritismo (capítulo VIII, item 10) ressalta: “O objetivo da religião é conduzir o homem a Deus; ora, o homem não chega a Deus senão quando está perfeito; portanto, toda religião que não torna o homem melhor, não atinge seu objetivo... A crença na eficácia dos sinais exteriores é nula, se não impede... de fazer mal ao próximo, em que quer que seja. Ela faz supersticiosos, hipócritas e fanáticos, mas não faz homens de bem. Não basta, pois, ter as aparências da pureza, é preciso antes de tudo ter a pureza do coração.”
A transformação mais profunda, no entanto, está ainda por vir. É a que plasma novos padrões de amar, como lindamente cantou o apóstolo Paulo: “O amor é paciente, é benigno. O amor não inveja, não se vangloria, não se ensoberbece. Não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses não se irrita, não suspeita mal. O amor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade” (1 Cr 13, 4-6). Em síntese, a transformação do Espírito completa-se na dimensão amorosa: ele se liberta de si e incorpora o amor, enquanto adesão, respeitosa e gratuita, ao outro.
Quando alcança esse patamar evolutivo, o Espírito não apenas segue Jesus, o Cristo (o ungido) de Deus. Ele o assimilou e encarna, no seu dia a dia, de tal modo que seus pensamentos, seus sentimentos e seu comportamento são, em tudo, semelhantes aos do seu Modelo, Jesus. Sublimado, o cristão transpira as virtudes de um verdadeiro Espírito crístico e, ao modo de Paulo de Tarso, pode dizer: “... já não vivo, mas Cristo vive em mim” (Gl 2, 20). Nesse ponto de autorrealização, experimenta o Espírito o supremo regozijo da perfeita liberdade, porquanto correspondência com o projeto de Deus: Ser à imagem e semelhança dele (Gn 1, 26).

VERDADE LIBERTADORA (IV)

A verdade liberta o Espírito, no tanto em que o ilumina e, portanto, lhe descobre a realidade das coisas. Mas também o transforma, na medida em que o vai aproximando do modelo de Ser revelado como ideal. Contudo, a descoberta e a edificação da verdade não ocorrem ao indivíduo, sem episódios, por vezes devastadores, de crise, insegurança, inquietude e atordoamento. É quando se faz necessário um consolo. Cabe a este abrir as portas e janelas do coração e da mente à libertação. Não o conseguirá, porém, à margem da verdade moral.
Medo, perda, culpa e mágoa constituem os grandes eixos de desassossego do Espírito, no seu existir e conviver. Até encontrar explicações suficientemente lógicas, que lhe aplaquem a razão, e caminhos confiáveis, que lhe tranquilizem as emoções e estimulem o andar, manter-se-á dividido, imobilizado e preso a esses grilhões. Consolar, nesse caso, é oferecer uma oportunidade criadora de esperança, perdão e serenidade. Não raro, esse alento opera como primeiro instante da libertação espiritual.
Consolação é a comunicação oportuna e amorosa da verdade. É um convite carinhoso a olhar novos ângulos do mundo e da vida. Nesse gesto, pode-se comunicar a verdade na sua inteireza. Pode-se dá-la a conhecer parcialmente. Pode-se apresentá-la “sob o manto diáfano da fantasia”, isto é, sob forma alegórica. O que importa é a transmissão da verdade... E depende de cuidadoso aprendizado fazê-lo de modo proporcional à capacidade estrutural e conjuntural de compreensão e aceitação do outro, a quem é oferecida.
Todos os estados de desequilíbrio vivenciados por um Espírito demandam a assistência consoladora de outro. Nos momentos, por exemplo, de medo, ou tensão bio-psíquica ante uma ameaça (atual ou potencial, real ou fantasiosa, tanto faz), como a perspectiva de um insucesso, a iminência de uma perda, o risco de uma violência, o perigo de morte etc., quanto faz falta uma palavra que levante o ânimo e encoraje! Diga-se o mesmo, nos casos de perda, quer dizer, de ruptura da estabilidade de uma situação de posse: perde-se o emprego, a remuneração, a riqueza, uma relação afetiva, uma referência, a confiança, a esperança... e mergulha-se num túnel de escuridão e desespero. Não menos indispensável é o verbo alentador, quando se está acossado pela culpa, consciência recriminadora do mal feito contra o outro, mediante inveja, traição, calúnia, prejuízo, perseguição, violência, injustiça... Mas também pela mágoa, resposta consciencial de repulsa e revanche ao outro pelo mal dele recebido. Nesses instantes, só uma atitude de afeto generoso aplaca a agonia e inquietação do Espírito.
A primeira consequência do conforto espiritual é o despertar da esperança. Trata-se de um olhar prospectivo, para o qual o futuro não se afigura como fim de linha, pórtico do nada ou punição dantesca. A esperança é a libertação do medo. Anuncia ao Espírito uma progressão desafiante. E dá-lhe a vislumbrar novas oportunidades existenciais, de cujo aproveitamento resultará a libertação dos seus males morais, a eclosão dos seus recursos de inteligência, afetividade e vontade e o aprimoramento criativo do Ser que ele próprio esculpirá. Possibilidades e existências vindouras, portanto, não lhe ocorrerão como condenação e castigo, senão como ensejos de avanço e apuro.
Outra consequência da consolação diz respeito a uma revisão do passado. Esse olhar retrospectivo faculta uma mudança de juízos e valores. O perdão revela-se como a atitude mais razoável, na medida em que corta as algemas de mágoa e de culpa, que imobilizam o Espírito e travam sua caminhada evolutiva. Se é preciso perdoar aos outros (Mt 6, 14-15; 18, 21-22; 18, 23-35; Mc 11, 26; Lc 6, 37; Jo 20, 23) e, nesse caso, libertar-se de toda mágoa, também o é perdoar a si mesmo e, pois, libertar-se de toda culpa. Autoperdoar-se, no entanto, pressupõe: reconhecer o mal feito; renunciar a ele; reparar seus efeitos nos outros; aceitar seus desdobramentos sobre si; e esquecê-lo, para dedicar-se exclusivamente à prática do bem. Esse alento constitui um chamado ao Espírito: que se desligue do que tem em volta e passe a cuidar do que é, no íntimo.
A terceira consequência da informação consoladora reporta-se ao presente vivido pelo Espírito e assinalado por diferentes formas de perturbação. A comunicação, nesse caso, induz a um olhar introspectivo, em busca da recomposição do equilíbrio perdido, da reconstituição da unidade rompida, da conquista da serenidade. Pode-se, então, traduzir a conduta confortadora como a presença afetuosa, aportando lenitivo ao Espírito aflito e desarvorado e mostrando-lhe que a verdade está ao seu alcance, dentro dele mesmo, com as chaves apropriadas para desfazer as algemas, que lhe tolhem a liberdade de compreender a realidade e de agir como convém.
Na sua tríplice dimensão – de ciência, filosofia e moral –, a Doutrina Espírita oferece ao Espírito, que transita pela Terra, em providencial aprendizagem, a consolação, a iluminação e o estímulo à transformação dele. Esses momentos correspondem, respectivamente, à comunicação da verdade (aspecto ético), à revelação da verdade (aspecto lógico) e à edificação da verdade (aspecto ontológico), que, por sua vez, constituem formas de libertação da mentira, do erro e da falsidade. O Ser resultante dessa libertação pela verdade (Jo 8, 32) é o arquiteto da própria perfeição (Mt 5, 48) e, por isso mesmo, da felicidade autêntica.

24 outubro, 2009

Projeto Amai-vos e Instruí-vos – Outubro de 2009

Editorial - Educar é um ato de amor

“O Espiritismo cristão não oferece ao homem tão-somente o campo de pesquisa e consulta, no qual raros estudiosos conseguem caminhar dignamente, mas, muito mais do que isso, revela a oficina de renovação, onde cada consciência de aprendiz deve procurar sua justa integração com a vida mais alta, pelo esforço interior, pela disciplina de si mesma, pelo auto-aperfeiçoamento”. De acordo com o modelo tradicional, ao pensarmos em educação vem logo a nossa mente a idéia de se estabelecer processos de ensino e aprendizagem. Tratando-se da vida do ser encarnado, entretanto, não podemos nos restringir a estática dos conceitos. Tornase necessário, quiçá imprescindível, observarmos também o dinamismo temporal da existência humana. O tempo escoa rapidamente e a existência física, enquanto oportunidade de crescimento, não o acompanha na mesma velocidade e acabamos transferindo as oportunidades para depois, para o futuro.
Nesse contexto, a educação formal prepara o indivíduo para enfrentar os desafios do mundo atual, que se caracteriza pela velocidade das relações e das comunicações, pelo estímulo a competição e pelo desprezo aos valores morais do ser humano. As religiões, por outro lado, são consideradas coisas do passado e Deus passou a ser um substantivo próprio, na maioria das vezes, impropriamente empregado. As famílias também se contentam em ser meros pontos de apoio e fornecedoras de bens matérias ao indivíduo, sem compromissos maiores com a formação do indivíduo e da sociedade. Enfim, os interesses estão voltados, basicamente, para o mundo material, como se a existência física se confundisse com a vida plena e ambas terminariam no nada, “esquecendo-se”, desse modo, do compromisso reencarnatório e da imortalidade da alma.
A Doutrina Espírita, diferentemente, nos oferece outro modelo de educação, com fundamento no ser integral – espírito, perispírito e corpo – no desenvolvimento de valores morais cristãos e, em especial, do amor. Esclarece, ademais, que há sucessivas existências e inúmeras escolas de aperfeiçoamento disponíveis a cada momento da vida plena, assim como nos chama a atenção para a liberdade com responsabilidade e para os limites que as leis divinas nos impõem, sintetizados luminosamente na passagem evangélica: “fazei aos outros aquilo que queres que vos façam”. Dessa forma, o Espiritismo nos convida, por meio de suas obras básicas e complementares, a nos conhecermos intimamente – enquanto espírito eterno e temporariamente em vestes carnais – a descobrirmos o porque de nossas dores e sofrimentos, de onde viemos e para onde iremos após o término da existência corporal, constituindo-se, assim, em um seguro e divino roteiro para equacionar as grandes dúvidas existenciais do homem. De posse desses conhecimentos, então, o ser humano encontrar-se-á habilitado para realizar sua própria educação moral, o que certamente implicará na melhoria de sua educação familiar e social.
Para além disso – e, sem dúvida, mais importante do que todo o conhecimento que se possa transmitir ou adquirir – é lembrarmos que educar é um ato de amor e que esse sentimento tão nobre e tão bem exemplificado pelo divino Mestre Jesus se concretiza por meio do auto-amor, do amor ao próximo, do amor a Deus e a toda criação divina. Não basta, portanto, apenas nos instruirmos, mas necessariamente nos amarmos, sempre e cada vez mais.

Pensamento
"Em todas as nossas relações sociais, em nossas relações com os nossos semelhantes, é preciso que nos lembremos constantemente disso: Os homens são viajantes em marcha, ocupando pontos diversos na escala da evolução pela qual todos subimos. Por conseguinte , nada devemos exigir, nada devemos esperar deles, que não esteja em relação com o seu grau de adiantamento".

Reflexão
"Não basta crer e saber, é necessário viver nossa crença, isto é, fazer penetrar na prática diária da vida os princípios superiores que adotamos; é necessário habituar-mo-nos a comungar pelo pensamento e pelo coração com os Espíritos eminentes que foram os reveladores, com todas as almas de escol que serviram de guias à Humanidade, viver com eles numa intimidade cotidiana, inspirar-nos em suas vistas e sentir sua influência pela percepção íntima que nossas relações com o mundo invisível desenvolvem".


Veja mais no informativo:

  • Série Mediunidade - As mulheres médiuns de destaque na História da Humanidade (Parte II)
  • Série Intercâmbio Mediúnico
  • Série Sentimento - Vigilância
  • Série Doutrinária - Evangelização Espírita e Juventude: desafios e perspectivas
  • Atendimento Fraterno
  • Série Reflexões de Um(a) Aprendiz - Experiências de um Grupo Espírita na Cidade de Ottawa - Canadá (Parte I)
  • Série Reflexões de Um(a) Aprendiz II - Minha experiência na Feira do Livro Espírita em São José dos Campos – SP

Faça o download aqui:

http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfOut2009.pdf

15 agosto, 2009

Projeto Amai-vos e Instruí-vos – Julho de 2009

Editorial - Espíritas amai-vos! Espíritas instruí-vos!

Em teu projeto existencial (O Projeto Amai-vos e Instruí-vos) – que em Maio do corrente ano completou um ano – fostes constituído como um espaço de desenvolvimento de vivência cristã e de qualificação do trabalhador espírita, tudo sob as bases luminosas da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus. Escolhestes, ainda, as diretrizes exara-das por uma trabalhadora incansável da seara do Cristo, que é a veneranda Joanna de Ângelis.
Em seguida, contastes Um pouco de História, da tua história, que se originou no Grupo de Estudos Joanna de Ângelis, fraterno e solidário desde a sua concepção. Escolherias, por outro lado, uma estrutura em forma de Séries, para onde poderíamos trazer as nossas idéias, sentimentos e compreensões sobre temas relativos à Mediunidade, aos Sentimentos, à Doutrina, ao Intercâmbio Mediúnico, ao Esperanto, ao Espiritismo e Ciência, ou sobre nossas próprias Reflexões de Um(a) Aprendiz.
Dedicastes especial atenção e zelo à Mediunidade, nos informando sobre a sua natureza e destino divinos e a melhor maneira de exercê-la na reunião mediúnica – nos esclarecendo, inclusive, sobre sua adequada organização e funcionamento. Neste aspecto, foste mais além, quando nos mostrastes que o intercâmbio mediúnico à luz do Cristo se constitui numa das formas mais sublimes do Amai os “Inimigos”.
Proporcionastes, também, reflexões importantes quanto ao Natal, Família e Amor, tríade indispensável para o nosso desenvolvimento moral e intelectual, e nos chamastes, enfaticamente, a uma postura mais ativa diante da vida, quando elegestes 2009 – Ano da Atitude.
Com fôlego e ânimo inquebran-tável, exortastes: Valorizemos a Vida, rechassando qualquer tentativa de depreciar, de desprezar, o bem maior de todos nós, que é o direito de viver e de se desenvolver como ser humano, e, para além disso, declarastes: Mãe, és médium da vida! e, portanto, instrumento divino a serviço da vida.
És estimado “PAI”, olhando assim essa tua curta e singela existência física, enxergamos em ti, desde a concepção, o esforço de buscar sempre a fraternidade, a solidarientade e a amorosidade entre os teus integrantes, colaboradores, simpatizantes e críticos, sob o manto seguro do Espiritismo e do exemplo do Divino Mestre Jesus. Certamente já contas com muitas conquistas, mas também com muito mais responsabilidades.
Assim, nesse momento festivo para todos nós que fazemos o Movimento Espírita – sobretudo o Pernambucano – te agradecemos “PAI”, na pessoa de teu idealizador e coordenador Otávio Pereira, pela oportunidade de vivência cristã e também a todos os confrades de ideal espírita que te ajudaram (e te ajudam) a seres exatamente como és: um “PAI”.
Com o coração cheio de alegria, por fim, agradecemos a Deus, a Jesus, a Espiritualidade Amiga e, como não poderia deixar de ser, exortamos, mais uma vez: “Espíritas Amai-vos! Espíritas Instruí-vos”.

Equipe do Projeto

Pensamento
“Quem não avança na estrada do equilíbrio que somente a autocrítica delimita com segurança, resvala facilmente na impropriedade ou no excesso, perdendo a luinha das proporções.

Reflexão
“Sê fiscal de ti mesmo para que não te levantes por verdugo dos outros e, reparando os próprios atos, vive hoje a posição do juiz de ti próprio. A fim de que amanhã, não amargues a tortura do réu.”

Veja mais no informativo:
  • Série Doutrinária - Fé ou teimosia?
  • Série Mediunidade - Vigilância
  • Série Sentimento - Aprender e sentir, sentir e aprender, aprender a sentir, sentir o aprender
  • Série Reflexões de Um(a) Aprendiz - Minha experiência como médium de apoio
  • Série Intercâmbio Mediúnico
  • Atendimento Fraterno
Faça o download aqui:
http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfJulho2009.pdf

11 junho, 2009

Projeto Amai-vos e Instruí-vos – Maio de 2009

Editorial - Mãe, és médium da vida!

Interessante observarmos que em quase todas as situações de nossas vidas tem sempre uma mãe por perto, como que a permear todas as relações humanas. Diante disso, o que é uma mãe? Que ser é esse que se apresenta nas mais diversas dimensões do nosso viver?
O adágio popular afirma que ser mãe é "sofrer no paraíso". Melhor seria, talvez, se nós pudéssemos olhar a maternidade sob uma nova perspectiva: a de "viver em terna comunhão com o Criador". É que, em verdade, as mães representam de certa forma o nosso elo com Deus antes, durante e após a nossa existência terrena. Senão vejamos.
No plano físico, considerando que, pela misericórdia divina, somos coautores da Sua obra, a maternidade se revela na satisfação de ver, por meio da gestação, o período de incubação do amor, que explodirá, com toda a intensidade, no momento do parir.
Seguidamente, esse mesmo amor germinará no primeiro contato físico externo, na amamentação, nos primeiros sorrisos, nos primeiros dentinhos e nos passos vacilantes e incertos. E o que dizer das primeiras palavras e do balbuciar "mamãe"? Ah! Maternidade função indescritível do passo inaugural da vivência física e espiritual na Terra.
O âmbito familiar, por sua vez, tem tudo haver com mãe. Elas nos conduzem orientando e decidindo, incansavelmente, sobre os melhores caminhos para seguirmos. Orientam-nos, em especial, sobre a melhor forma de usarmos o nosso livre arbítrio. Muitas vezes, esquecemos disso e consideramos suas idéias absurdas e sem sentido sua maneira de ver o mundo à sua volta.
Mas o tempo é implacável e chegará nossa vez de enfrentarmos os desafios da vida. Então, provavelmente, repetiremos as mesmas orientações, que elas nos ensinaram, e que tanto criticamos, despertando-nos para as oportunidades que tivemos de ouvi-las e não aproveitamos. Elas, todavia, alquebradas pelo tempo, continuarão a olhar nossa chegada, a sorrirem, como se nós nunca tivéssemos saído de perto delas e como as suas eternas crianças.
Como reflexo da esfera social, o mês de maio, mais precisamente o segundo domingo, comemora o "dia das mães" e caracteriza bem a importância da mãe na vida social, apesar de sabermos que é um simbolismo que busca reconhecer o papel de uma mulher ímpar em nossas existências. Convém não esquecer, ademais, que todos os dias são "dias das mães"; que presenteála nessa data festiva e comercial não é o mais importante, pois, ao nos receber em sua casa, muitas vezes, levamos mais trabalho e preocupações. Em outras palavras, realizamos uma festa que satisfaz muito mais a nós mesmos do que a ela. Então, podemos refletir sobre o quanto de afeto e atenção temos dedicado para a mesma. Ou ainda, sobre quanto do nosso supérfluo temos lhe oferecido e quanto tempo temos dedicado para ouvir suas histórias que, muitas vezes, são as nossas. O quanto de paciência dedicamos às suas queixas, às suas dores, ou às suas teimosias.
Por fim, chega o dia em que elas partem para o plano espiritual, sem nos pedir licença e, mais uma vez, como nos esclarece a Doutrina Espírita, não nos
abandonam, pois mesmo lá, mantêm a constante vigilância, oram por nós e intercedem sempre, continuadamente, ainda que, por meio da reencarnação, posteriormente, tenhamos novos reencontros, novas vivências.
Diante de tudo isso, percebemos que a maternidade se constitui em um instrumento divino a serviço da vida onde quer que o espírito se encontre e basta para nós seguirmos os nobres ensinamentos e exemplos de Jesus, quando nos convida a "honrar pai e mãe", certos de que o cuidado que devemos ter para com as mães não se constitui em obrigação, e sim em nobre dever indicado pelo Mestre Maior. Assim, falar do exercício da maternidade – ou do ser mãe – é acima de tudo, dizer do amor a serviço da vida.

Equipe do Projeto

Pensamento
"Quanto te observes perante um filho diferente, não permitas inclinar o coração ao desespero ou à amargura. Ora e pede luz para o entendimento".

Reflexão
"Jamais ergas a voz para acusar o filho-problema, enquanto nem sempre lhe possas elogiar a conduta. Longe ou perto dele, segundo as circunstâncias do plano físico, ampara-o com a tua prece, estendendo-lhe apoio e inspiração pelas vias da alma".

Veja mais no informativo:

  • Série Doutrinária - Laços Espirituais da Família
  • Série Mediunidade - Reencarnação
  • Série Sentimento - O Espírito de Família
  • Atendimento Fraterno
  • Série Intercâmbio Mediúnico
  • Instruí-vos na Casa Espírita
Faça o download aqui:
http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfMaio2009.pdf

07 abril, 2009

Projeto Amai-vos e Instruí-vos – Março de 2009

Editorial - Valorizemos a Vida

Vivemos mesmo uma época de ímpetos. É a sociedade globalizada, técnica,informativa, materialista e de risco. Se por um lado, os avanços científicos e as novas tecnologias têm contribuído para a melhoria das condições de vida de milhões de pessoas, em diversas partes do mundo (melhoria da saúde, aumento de oportunidades, melhora dos produtos, dentre outras), por outro, estão alterando profundamente o modo como nos relacionamos e como vivemos nossas vidas.
Nesse contexto, a assertiva do Apóstolo Paulo – "Pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará" (Galátas, 6:7) – nos chama a atenção para a Lei Divina de Causa e Efeito, ou de Ação e Reação, a que estão submetidas todas as nossas condutas e que serve, quando observada e cumprida, como uma diretriz segura de preservação da vida humana. É que nestes tempos tecnológicos e de sociedade de risco, as regras éticas e de prudência assumem papel de destaque frente às incertezas e inseguranças produzidas pelo mundo contemporâneo. Ainda mais quando crescem os argumentos, os modos e os instrumentos (sociais, políticos, jurídicos) para a interrupção voluntária da vida em formação, ou seja, para o aborto.
Desse modo, cabe-nos observar, cautelosamente, as notícias da mídia que, frequentemente, destaca, em manchetes de capa e com letras garrafais, as questões relativas ao abortamento. Exemplificadamente, pois, em Janeiro do corrente ano, uma revista de grande circulação nacional trouxe, nos moldes citados, o tema cujo conteúdo destaca as decisões de alguns médicos brasileiros de auxiliar suas pacientes decididas a interromper uma gravidez indesejada, fundamentados na filosofia de redução de danos para o aborto.
De logo, há de se perguntar: redução de danos para quem? Para a paciente grávida? Para o ser em formação? Para o médico? Para o governo, com suas políticas abortivas e ilegais (já que alguns municípios começam a adotar na rede pública tal prática)? Isso a revista, infelizmente, não informou.
Mas algo bastante relevante ela assinalou: o fato de que as pessoas envolvidas em atos dessa natureza – que ferem gravemente as leis divinas inscritas na consciência, conforme a questão 621 do Livro dos Espíritos – sofrem abalos psíquicos e emocionais antes, durante e após a decisão e a execução do abortamento. Nesse sentido, indispensável, para a comprovação do afirmado, destacarmos apenas dois trechos da reportagem: "Por mais que a mulher esteja determinada e certa de sua decisão, optar por um aborto é sempre devastador.
Ninguém que já tenha vivido a situação relata a experiência com a tranquilidade de quem acabou de dar um passeio no shopping. Não é simples nem nos casos em que a gravidez é resultado de uma agressão,..."; e "Por mais que os médicos se rendam às demandas de suas pacientes e por mais que a legislação avance, a interrupção do processo de criação de uma vida humana nunca será de fácil compreensão intelectual ou emocionalmente simples".
É que, em verdade, como luminosamente nos diz a Doutrina Espírita, não somos só o corpo. Somos muiiiiiiiiiito mais! Somos criação divina. Somos espírito, perispiríto e corpo e tudo – absolutamente tudo – o que fazemos repercute dentro e fora de nós. Estamos, portanto, irremediavelmente submetidos à Lei de Ação e Reação cuja repercussão se dá para muito mais além do que imaginamos. Logo, interromper uma vida implica não somente em privarmos ilicitamente a reencarnação de um ser indefeso, mas também em lesar profundamente as três dimensões do ser humano acima citadas e em desenvolver dolorosos processos obsessivos e de complexas elucidações.
Estejamos, assim, atentos e prudentes não só às, por vezes, exageradas e manipuladoras notícias jornalísticas, mas, preponderantemente, à forma e ao conteúdo das informações veiculadas, na certeza de que nas questões referentes à vida – em especial, a sua eliminação por meio do abortamento – sempre teremos muitas estatísticas, dados, números e defesas sobre tal prática e, quase nunca o enfrentamento das reais causas – com frequência, de natureza egoística e de fuga ao dever – e das graves e inescusáveis consequências físicas, emocionais, psicológicas e espirituais. Sejamos, então, prudentes e simples, como recomendou Jesus, e, principalmente, valorizemos a vida, sempre.

Equipe do Projeto

Pensamento
"Não temos outro juiz nem outro carrasco a não ser a nossa consciência, pois essa consciência, assim que se desprende das sombras materiais, torna-se um julgador terrível."

Reflexão
"O sofrimento é o instrumento de toda elevação, é o único meio de nos arrancarmos à indiferença, à volúpia. É o que esculpe nossa alma, lhe dá mais pura forma, beleza mais perfeita. "

Veja mais no informativo:
  • Série Doutrinária - Dia Internacional da Mulher
  • Série Mediunidade - A Mediunidade e seus "Porquês"
  • Série Intercâmbio Mediúnico
  • Série Sentimento
  • Série Reflexões de Um(a) Aprendiz
  • Atendimento Fraterno na Casa Espírita
Faça o download aqui:
http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfMarco2009.pdf

08 março, 2009

Dia Internacional da Mulher

Tragédia em Nova Yorque, 130 mulheres são “incineradas” como se lixo fossem, quando encerradas em uma fábrica, por apenas reivindicarem condições mais humanas de trabalho. Era o dia de 8 de março de 1857.

Houve mobilização mundial, a indignação foi grande com tal crueldade. Vozes bradaram por justiça.

Aquelas mortes desencadearam um processo reivindicatório que acabaria com a instituição pela ONU em 1995 do Dia Internacional da Mulher.

O sacrifício de mulheres tem sido muito maior que naquela tragédia.

Quantas mulheres alegraram a loucura dos circos romanos.

Quantas alimentaram as fogueiras da Inquisição.

Quantas ainda são tratadas como seres de segunda categoria.

Quantas são submetidas à violência doméstica e social.

Quantas estão sob a arbitrariedade religiosa.

O “Dia Internacional da Mulher” é um dia simbólico da luta da mulher para a abertura de espaços sociais, políticos e administrativos, tem proporcionado um pólo de discussões e reivindicações . Mas ainda não venceram de vez a intolerância religiosa.

Quarenta dias após aquele desencarne coletivo trágico de 8 de março de 1857, vinha a lume, no outro lado do mundo, no dia 18 de abril de 1857, na França, o Livro dos Espíritos. Aqueles que blasfemaram, acusando Deus de permitir que suas criaturas fossem sacrificadas de forma tão bárbara; aqueles que não compreendiam o acontecido, puderam dispor de explicações plausíveis sobre o porquê daquele evento tão desumano.

O Livro dos Espíritos, obra que além de nos ensinar os porquês, nos ensina que as diferenças anatômicas dos sexos são situações transitórias do corpo material em seus processos reencarnatórios. O Espírito não tem sexo, tanto um como outro se complementam para realizarem como co-autores da obra divina a geração de novos corpos para que novos Espíritos possam ter a oportunidade da reencarnação..

As mulheres tem galgado postos de destaque . A própria Codificação contou com jovens mulheres médiuns para a sua estruturação. Um grande número delas trabalha ativamente no intercâmbio com o mundo espiritual.

O Espiritismo vem ao longo de sua existência desmitificando a supremacia masculina, nos mostrando através da evolução dos Espíritos que tem a oportunidade transitarem por ambos os corpos sexualizados a cada reencarnação. Um número significativo de mulheres atua ativamente no Movimento Espírita, através da direção de Federações, Centros e outras Instituições Espíritas do Brasil. O Espiritismo segue o exemplo de Jesus quando valoriza as mulheres sem discriminar os homens.

Cabe neste dia significativo não apenas para as mulheres, mas para todos nós, homens, uma reflexão sobre o nosso papel neste mundo de expiação e provas. Podemos talvez repensar o nosso comportamento diante da mulher avaliando o descrito no poema abaixo.

À MULHER

Quando divide o que não tem
Com quem tem e não divide . . .
Quando é permitida
Onde não precisa de permissão . . .
Quando é vetada
Onde não há proibição . . .
Quando partilha consigo mesma
E não está só . . .
Quando luta sem descanso
Pelo que já é seu . . .
Quando amarga calada
A derrota que não é sua . . .
Quando ocupa um lugar
Onde não há espaço . . .
. . . Se está diante de uma mulher
Num tempo machista .

19 fevereiro, 2009

Enfim é Carnaval...

Confetes. Serpentinas. Músicas de duplo sentido. Mulheres semi-nuas. Fantasias. Erotismo. Bebidas alcoólicas. Drogas de todas as espécies. A busca desvairada de sexo, não importando com quem ou onde. Enfim é carnaval.

Nosso País, abençoado pelas possibilidades de provas e expiações, onde muitos anônimos servem a muitos. Onde as etnias se encontram e se integram e as classes sociais interagem. Onde as belezas naturais são exuberantes. Onde a fraternidade é uma realidade.

Coração do Mundo. Pátria do Evangelho.

Nosso País abençoado, mas com tanto a aprender. Aprender o amor sem confundi-lo com sexo. Aprender a espiritualizar-se em detrimento a materialidade.

Nosso País que gasta milhões com festas e, neste momento, com o carnaval.

Nosso País que ainda confunde o riso alegre com a máscara bisonha da alegria falsa e passageira, calcada no efêmero tríduo momesco.

Nosso País embriagado nas vibrações geradas no rufar dos tambores, no repicar dos tamborins e roncar das cuícas, embalado nas alegorias do samba, nos passos do frevo e do maracatu, pensa ilusoriamente ter afastado as angústias, a miséria, a fome, a deseducação e as doenças.

Nosso País, menino que ainda se encanta com o brincar, esquece-se que no contexto do mundo é um adolescente, no qual se aposta um futuro brilhante, rumo ao infinito cósmico.

Até quando, nós que damos personalidade, vida e existência ao nosso País, quiçá ao mundo, vamos prostituir a nossa essência divina no desvario da madrugada de um galo e no amanhecer de uma decadente moral . O nosso País tem a nossa “cara”, portanto retiremos a maquiagem da falsa alegria e ousemos a ser fiéis aos nossos compromissos reencarnatórios.

Algumas vezes nos perguntam: - Espírita brinca carnaval? - Respondemos com as sábias palavras de Emmanuel: “é incontestável que a sociedade pode, com seu livre arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas enquanto houver um mendigo abandonado, junto de seu fastígio e sua grandeza, ela só poderá fornecer com isto um eloqüente atestado de sua miséria moral”.

Assim, aproveitando um trecho da música de um compositor baiano, e fazendo-lhe uma pequena modificação, temos uma grande verdade espiritual – Atrás do trio elétrico também vai quem já morreu – pois, num mundo com a destinação do nosso, como nos ensina a Codificação, habitado por um sem-número de espíritos desencarnados (proporcionalmente muito maior que os encarnados), que vinculados à ignorância e aos sentimentos menores, buscam, através de processos obsessivos, perturbar os seus devedores ou algozes do passado. Para tanto, são influenciados e conduzidos por reconhecidas falanges dedicadas ao mal, que se aproveitam desta conhecida “loucura coletiva”, que é o Carnaval, para seduzirem e atirarem seus perseguidos nas sarjetas da degradação humana.

Neste sentido, os médiuns narram o peso das vibrações negativas, que envolvem os locais onde as atividades carnavalescas são exercidas, durante as reuniões mediúnicas sérias, o que demonstra as emanações fluídicas perniciosas nos dias em que se avizinha essa festa pagã.

Assim sendo, não só os Espíritas, mas todos aqueles que professam uma religião, que têm como guia um Espírito do estofo de Jesus, ou mesmo aqueles que acreditam num Deus-Pai absolutamente bom e justo, devem, num momento como este, entrar em prece, dedicar parte da ociosidade festiva, a leitura de obras edificantes, lembrando que nas “avenidas” que nos levam de volta ao Pai, os “blocos” se caracterizam, de um modo geral, pelo sofrimento e pela dor. Não mais as canções, o som muitas vezes é de gemidos, choros e ranger de dentes, acompanhados de cantos e palavras de conforto dirigidas pelos representantes do Pai.

Considerando, então, que somos conhecidos como “O Coração do Mundo e a Pátria do Evangelho”, numa referência ao texto de Humberto de Campos, psicografado por Francisco Cândido Xavier, bem como que a Doutrina dos Espíritos tem, através da Codificação e das obras complementares, nos mostrado o momento de transição que atravessamos, é mister que cada um de nós faça a sua parte na obra do Senhor. Neste momento, pois, a nossa parte é orar por aqueles parentes, ou não, que ainda se propõem aos folguedos carnavalescos, a fim de que sejam protegidos. Para além disso, e nas palavras de um Espírito amigo, “orar para que a violência diminua” e “vigiar para não cairmos nas tentações”, por desconsiderarmos a influência nociva que tem o ver e o assistir, ainda mesmo que através dos meios de comunicações.

No caminho de volta ao Pai, portanto, existirão muitos Carnavais e suas conseqüências, como descreve muito bem o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, nas duas obras psicografadas por Divaldo Franco, “Fronteiras da Loucura” e “Tormentos da Obsessão”.

Importa, por fim, destacar que um grupo de Psicólogos, segundo o Correio Brasiliense, concluiu sobre o carnaval o seguinte:

“(...) de cada dez casais que caem juntos na folia, sete terminam a noite brigados (cenas de ciúmes, intrigas, etc.); que desses mesmos casais, posteriormente, três se transformam em adúlteros; que, de cada dez pessoas (homens e mulheres) no Carnaval, pelo menos sete se submetem a coisas que abominam no seu dia a dia, como o uso de álcool e outras drogas (...).

Tudo isso resulta, segundo os mesmos estudiosos, do êxtase atingido na “grande festa”, quando os símbolos da liberdade, da igualdade, mas também da orgia e da depravação, estimulados pelo álcool, levam as pessoas a se comportarem fora de seus padrões normais (...).

Assim, como dizia o poeta Vinicius de Morais:

“Tristeza não tem fim, felicidade sim”,
A felicidade parece a grande ilusão do carnaval;
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta feira”


... Vale, então, a pena, por três dias, comprometer a eternidade?

Que a nossa , acesa e ardente, possa sobreviver aos carnavais da vida, sem se tornar cinzas, na quarta-feira.

08 fevereiro, 2009

Projeto Amai-vos e Instruí-vos – Janeiro de 2009

Editorial - 2009 – Ano da Atitude

“Em toda parte, vemos enfermidades, aflições, descontentamentos, desarmonias... Tudo é doença do corpo e da alma. Tudo é ausência do Espírito do Senhor”.

Nesse pequeno trecho, o Espírito Eustáquio – em mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier e integrante do livro Instruções Psicofônicas – com objetividade e clareza, desvela a realidade de nossos dias.

Podemos, nessa direção, dentre os diversos desafios e graves problemas que assolam a Humanidade, destacar a problemática do uso e abuso de drogas (lícitas e ilícitas), com seus dilaceradores reflexos no indivíduo, na família e na sociedade. De logo e, em virtude do seu caráter agressor e multifacetado (individual, familiar e social), percebemos que o tema é bastante relevante – especialmente, em épocas carnavalescas, propiciadoras e fomentadoras de todos os delizes individuais e sociais nesse âmbito – e que necessita, para o seu adequado esclarecimento e enfrentamento, de uma abordagem múltipla e complementadora em seus aspectos médicos, sócio-educativos e espirituais.

Desse modo, destacamos, pelo importante contributo esclarecedor e educativo para o Movimento Espírita, o material de apoio do Curso de Multiplicadores do Programa Nacional Antidrogas da Federação Espírita Brasileira. É que ele contém uma abordagem múltipla – médica, sócio-educativa e espiritual – corroborada por uma ampla pesquisa científica e doutrinária. Vejamos, então, suscintamente, o que ele nos traz sobre tão relevante assunto.

Primeiramente, os aspectos médicos consideram, em especial, os efeitos das drogas, de acordo com o tipo de substância utilizada, no organismo humano. Em seguida, o ângulo sócio-educativo, procura desvendar as causas (falta de informação sobre os efeitos e problemas que as drogas causam; influência de amigos, namorados/as, conhecidos e até familiares; dificuldade de se relacionar, fuga de problemas; facilidade em obter a droga; desejo de se integrar num grupo; desestruturação familiar: falta de amor, de união e de comprensão; vazio interior, falta de perspectivas; medo, insegurança e falta de objetivos), os sintomas (as mudanças na vida do indivíduo, dentre as quais as mais comuns são: perda da noção de tempo e de espaço; ausência de paciência e inquietude frequente; isolamento das pessoas que mais lhe querem bem; problemas de saúde; confusão mental; esquecimentos contínuos; baixo rendimento e/ou evasão escolar; agressividade e hostilidade; alterações radicais de humor; impontualidade nos
compromissos e problemas no trabalho) e as consequências – individuais, familiares, sociais (e, acrescentamos, às jurídicas, como envolvimentos com delitos, tráfico de drogas e organizações criminosas) – a fim de investir, intensamente, na prevenção, tratamento e repressão (por parte do Poder Público) ao uso e abuso de drogas.

Por último, ainda com base no texto supracitado, as implicações espirituais são examinadas sob três enfoques: i) os fatores predisponentes (tendências instintivas, estrutura psicológica, influência da família e da sociedade, obsessão); ii) as lesões no perispírito (hipnose, vampirismo e ação das drogas: intoxicação química, intoxicação fluídica, alterações da atividade mental, desensibilização de pontos específicos do perispírito seguido de lesões); e iii) as consequências espirituais, consubstanciadas, principalmente, na divina lei de causa e efeito.

O tratamento mais eficaz, por sua vez, decorre da intervenção tanto na esfera física – efetivada, via de regra, por equipe multidisciplinar, composta de médicos, psicólogos, psiquiatras e outros – como na esfera espiritual, que, para o Espiritismo, ocorre através do passe, da água fluidificada, da prece, do atendimento fraterno e das reuniões mediúnicas de desobsessão. Além disso, o esclarecimento da Doutrina Espírita sobre quem somos, de onde viemos e para onde vamos representa luz nas sombras em que, frequentemente, nos envolvemos, e o Evangelho de Jesus nos fornece o modelo de conduta que nos alivia as dores e nos põe no rumo da verdadeira felicidade.

Assim, na certeza de que “... o Amor Infinito do Pai Celeste brilha em todos os processos de reajustes” – consoante observou o Instrutor Sânzio, no livro Ação e Reação – façamos de 2009 – Ano da Atitude, no sentido de conjugarmos todas as informações – científicas, filosóficas e religiosas – para integralizarmos o homem no seu modelo JESUS.

Equipe do Projeto

Pensamento
“Pediste, porém, o berço terrestre, no exato lugar em que te cabe aprender e reaprender.”

Reflexão
“Protege os obsidiados como puderes, mas desculpa incondicionalmente os amigos perturbados da própria rota, quando te compliquem a experiência.”

Veja mais no informativo:

  • Série Doutrinária - Drogas, Juventude e Espiritismo
  • Série Mediunidade - Encontro com a equipe do Projeto Manoel Philomeno de Miranda no CECAM sobre Mediunidade e Reuniões Mediúnicas
  • Série Intercâmbio Mediúnico - “Deixai vir a mim as criancinhas”
  • Série Espiritismo e Ciência - O Poder da Água à luz da Ciência e do Espiritismo
Faça o download aqui: http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfJaneiro2009.pdf

23 janeiro, 2009

Projeto Amai-vos e Instruí-vos - Dezembro

Editorial - Natal, Família e Amor

É noite e uma brisa suave, ligeiramente perfumada com o aroma doce e delicado da natureza, envolve Belém, na Judéia. Ali, na singela manjedoura – Maria e José, acompanhados de simples pastores, camponeses e de mulheres humildes – contemplam a presença física inicial, mas profundamente luminosa e pacificadora, do menino Jesus no Planeta Terra. De acordo com Emmanuel, “Uma atividade única registra-se, então, nas esferas mais próximas do planeta, e, quando reinava Augusto, na sede do governo do mundo, viu-se uma noite cheia de luzes e de estrelas maravilhosas. Harmonias divinas cantavam um hino de sublimadas esperanças no coração dos homens e da Natureza. A manjedoura é o teatro de todas as glorificações da luz e da humildade, e, enquanto alvorecia uma nova era para o globo terrestre, nunca mais se esqueceria o Natal, a ‘noite silenciosa, noite santa’” (A Caminho da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, 26ª ed., Federação Espírita Brasileira: Brasília, DF, p. 104).
É Natal! Jesus nasceu e com Ele todas as esperanças de uma humanidade nova, renovada pelo amor, pela compreensão e pela fraternidade. Com efeito, se nos detivermos alguns minutos a refletir sobre a imagem acima descrita, perceberemos, já desde o início de Sua existência, a comunhão exemplar do Divino Mestre com a criação de Deus, em especial, com a Natureza, com a família e com o próximo. É, pois, com essa imagem simbólica do nascimento de Jesus, que trazemos algumas reflexões sobre essa tríade divina – Natal, Família e Amor – desde sempre presentes nas comemorações natalícias.
É Natal! Jesus nasceu. Mas o que isto significa para a humanidade? Quantos povos, ainda, não O conhecem? Quantos são aqueles que O conhecem e, mesmo assim, não seguem seus ensinamentos? Quantos já O esqueceram? Certamente, cabe, nestes momentos que antecedem o dia escolhido para comemorar o nascimento de Jesus, uma reflexão profunda sobre onde, ou em que, estamos depositando a nossa fé. Na preocupação com a reforma da casa? Com os presentes que precisam ser comprados ou retribuídos? Nas frases de efeito nos cartões comemorativos? No cardápio para a ceia? Na reunião da família nuclear? Mas de que adiantam as lâmpadas coloridas, as árvores de Natal enfeitadas, se o nosso coração não está iluminado pela presença de Jesus? Será que só temos lembrado Dele nos momentos egoístas das nossas aflições e desesperos? O que estamos fazendo com o amor que Ele nos ensinou e exemplificou?
É bem verdade que caminhamos em uma época de dificuldades de toda ordem: as crises financeiras, a violência que se alastra, os desastres ecológicos, a fome, a ignorância, o esquecimento do próximo. Mas também, não é menos verdadeiro que há mais de dois mil anos já possuimos o consolo sublime para as nossas aflições, bem como o roteiro seguro para nossa melhoria moral e, por conseguinte, para a nossa felicidade geral. Será que já não está na hora de nos propormos – e efetivarmos – as tão indispensáveis mudanças e, quem sabe, de começar pelo exercício diário da caridade, com a imagem do que Jesus faria diante das situações que nos deparamos diuturnamente? Será que já não é hora de exercitarmos o amor na sua mais ampla acepção, de lembrarmos do “amai-vos uns aos outros”, do “amor aos nossos inimigos”, de admitirmos que o próximo tem a mesma essência espiritual que nós, ou
seja, o mesmo Pai? Que, mesmo mantendo os hábitos natalinos, poderemos colocar o amor em cada ato, em cada gesto?
É Natal! Jesus nasceu. Tempo, também, das aconchegantes e, quase sempre, deliciosas reuniões de confraternizações com os familiares e com os amigos. Mais ainda: de compreendermos a família em suas duas acepções, conforme o Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XIV, item 8: i) a família pelos laços corporais – a nuclear, responsável pela formação física, intelectual, moral e espiritual do indivíduo e, consequentemente, da própria sociedade (LE, Parte 3ª, Cap. VII, q. 774) e ii) a família pelos laços espirituais – a universal, aquela unificada por um mesmo ideal, que é a realização da Vontade do Pai.
E nessa direção da família universal, nós gostaríamos, desde já, de agradecer a oportunidade bendita e generosa que os integrantes do Projeto Manoel Philomeno de Miranda – que atuam, desde 1965, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador-BA, e na sua obra social, Mansão do Caminho – nos concedeu, em 14 de Dezembro do corrente ano, ao realizar um breve, mas bastante esclarecedor, encontro no Cenáculo Espírita Casa de Maria – CECAM, numa perfeita e admirável adequação de conduta espírita e evangélica, como já indicava o grandioso codificador, no Livro dos Médiuns, Cap. XXIX, item 334: “Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã”. Agradecemos, portanto, de coração aos valiosos amigos da equipe mencionada, bem como ao CECAM – que, mais uma vez, em uma atitude de confiança e de fraternidade cristã, nos apoiou nesse encontro – e aos amigos de ideal que estiveram presentes e compartilharam conosco de tão agradáveis e elucidativos momentos.
É Natal! Jesus nasceu e com Ele a essência divina: o Amor, esse sol que nos ilumina e nos aquece, que nos protege e nos assegura uma existência plena de realizações materiais e espirituais. Com Jesus nos descobrimos irremediavelmente submetidos à lei de amor, solução para todas as nossas angústias e desavensas e para o fortalecimento de todos os nossos laços de afetividade e de amizade. Celebremos, pois, o Natal, a Família e o Amor.
Que Deus ilumine, proteja e nos permita, cada dia mais, usufruírmos da companhia fraterna, salutar e engrandecedora de todos os amigos, colaboradores, simpatizantes, defensores e, até mesmo, críticos do Projeto “Amai-vos e Instruí-vos”. A todos os nossos sinceros e afetuosos agradecimentos.

Feliz Natal! Feliz Ano Novo!

Equipe do Projeto

Pensamento

“Verificamos que a grande dificuldade que se apresenta, obstaculizando o perdão aos outros, tem sido correspondente à dificuldade que cada um tem de autoperdoar-se.”
(in a Carta Magna da Paz, mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira ditada pelo Espírito Camilo)

Reflexão
“A figura de Jesus de Nazaré era profundamente humilde e a Sua humildade mostrava-O como alguém sempre pronto a servir a cada uma das ovelhas, a cada uma das criaturas de Deus colocadas sob seus cuidados.”
(in a Carta Magna da Paz, mensagem psicografada pelo médium Raul Teixeira ditada pelo Espírito Camilo)

Veja mais no informativo:

  • Série Mediunidade - Mediunidade com Jesus
  • Série Sentimento - E por refletir sobre a família...
  • Série Doutrinária - Síndrome de Pais Ausentes
  • Série Intercâmbio Mediúnico
  • Cenáculo Espírita Casa de Maria – CECAM - A Família
  • Série Reflexões de Um(a) Aprendiz

Faça o download aqui: http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfDezembro2008.pdf

Projeto Amai-vos e Instruí-vos - Novembro

Editorial - Amai os “Inimigos”

“Ouvistes o que foi dito: Amarei o vosso próximo e odiarei os vossos inimigos. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos: fazei o bem ao que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam...” (São Mateus, 5: 43 a 47: 20). Ao refletirmos sobre essa lição de Jesus, percebemos o quanto é importante a formação e o desenvolvimento de reuniões mediúnicas sérias, com observância dos preceitos evangélicos e das diretrizes da Doutrina Espírita. É que um dos objetivos dessas reuniões – previsto, inclusive, no novíssimo Organização e Funcionamento das Reuniões Mediúnicas Espíritas, item 4.1, p. 11, publicado pela Federação Espírita Brasileira – é exatamente possibilitar a realização de tarefas eminentemente de auxílio aos “inimigos”, em um verdadeiro exercício de fraternidade e de amor ao próximo. Tais reuniões promovem, dessa forma, o tratamento de desafetos e, consequentemente, o reequilíbrio moral e espiritual de entes envolvidos em discórdias, por vezes, seculares.
Para além disso, a Doutrina Espírita tem nos ensinado, ao longo do tempo, por meio dos seus diversos livros, cursos e ensinamentos, que no trato com os espíritos desencarnados devemos olhá-los sem julgamentos, sem preconceitos, tratá-los com amor, atenção, carinho, firmeza e nunca esquecer da misericórdia que Jesus tanto nos ensinou e que é tão agradável a Deus. E na realidade temos encontrado esse procedimento nas várias reuniões mediúnicas, principalmente, com mais intensidade nas reuniões de desobsessão. Vemos, ainda, os esforços que o dirigente e os médiuns esclarecedores realizam quando no trato com os espíritos quer sofredores, quer vingativos, que no desconhecimento das Leis Eternas, ainda, apelam para uma linguagem mais dura e contundente, chegando mesmo às raias da violência. Mas percebemos, mesmo assim, que nessa prática apreendemos mais um pouco sobre o sentido do amor que o Cristo nos exemplificou e que podemos praticar em circuito fechado, ou seja, na Casa Espírita, em Reuniões Mediúnicas.
Observamos, por outro lado, que diante dos noticiários sobre violência, nas circunstâncias do dia a dia, nosso comportamento muda e o julgamento da conduta do outro acontece como um ato reflexo e, às vezes, não nos contentamos somente com julgamento, lavramos de imediato a sentença. Nesse sentido e para ilustrar, recentemente – mais precisamente no mês de Outubro deste ano – um noticiário trágico e deprimente predominou aqui no Brasil. Trata-se do caso de dois jovens envolvidos em um seqüestro “por amor”, que findou no desencarne da jovem e na prisão de seu ex-namorado. Foram cinco dias de suspense, a curiosidade enchia as ruas e passamos a olhar o seqüestrador como um ser do outro mundo. Esquecemos da piedade, da misericórdia, dos processos reencarnatórios, da efetividade das obsessões e uns poucos tentaram preces intercessórias.
Ora, com frequência – e sem nos atermos a casos específicos – independentemente de orientação religiosa, orações são piedosamente elevadas ao Criador pelas vítimas, há prantos compungidos, crises nervosas, solidariedade, depoimentos fraternos. Nos colocamos no lugar das vítimas, isto é, empatizamos com elas. Onde anda, porém, o “amai os inimigos” e o “amar o próximo como a ti mesmo”?
O referido episódio nos remete a muitos outros, que – ocupando as manchetes da imprensa escrita, falada e televisiva – nos mostra os mesmos comportamentos de solidariedade para com as “vítimas” e de repulsa e julgamento para com os “algozes”, que, quase sempre, não conseguimos enxergar como grandes vítimas de si mesmos, de falhas nos seus compromissos reencarnatórios e sociais e encontrando-se, em grande parte, assessorados por espíritos que, ainda, caminham nas trevas e na ignorância da luz emanada por Jesus. Parece, pois, ser mais fácil mostrar compreensão, ternura e outros sentimentos mais afetuosos para com espíritos desencarnados do que para com aqueles que, ainda, são prisioneiros da carne – o que pode revelar, por vezes, um comportamento interno – nas reuniões mediúnicas – e outro, diferente, no mundo externo, ou seja, no nosso convívio familiar e social.
Precisamos, portanto, refletir sobre a necessidade de unificação de nossos pensamentos, sentimentos e ações, na direção do amor e do bem, em especial, em relação aos nossos “inimigos”, dentro e fora da Casa Espírita. Importa desenvolver, outrossim, a empatia para com as “vítimas” e seus “algozes”, assim como estimular em nós e nos outros, como recomendou Jesus, o esquecimento do mal e o perdão das ofensas. E, por fim, talvez o mais importante, combater em nós os nossos “inimigos íntimos”, isto é, as imperfeições morais, que nos ligam em correntes de dor e sofrimento, aos nossos inimigos – encarnados e/ou desencarnados – e que, inexoravelmente, terão que se converter em laços de amor e de paz.
Aproveitemos, então, a luminosa oportunidade de vivenciar o evangelho e de exercitar o amor aos inimigos – os irmãos sofredores e carentes de auxílio e de esclarecimento, que nos perseguem devido a equívocos cometidos em um passado próximo ou remoto – seja nas reuniões mediúnicas ou em qualquer outra esfera de nossas vidas.
Equipe do Projeto

Pensamento

“A educação não e um ato de imposição, de violação de consciência , mas um ato de doação. O educador oferece ao educando os elementos de que necessita para integrar-se no meio cultural e poder experimentar por si mesmo os valores vigentes, rejeitando-os, aceitando-os ou reformulando-os mais tarde, quando amadurecer para isso .”
(Herculano Pires in Pedagogia Espírita, pag. 25)

Reflexão

“A disciplina de um Centro Espírita e principalmente moral e espiritual, abrangendo todos os seus aspectos, mas tendo por constante e invariável a orientação e a pureza de intenções.”
(Herculano Pires in O Centro Espírita, pag.57)

Veja mais no informativo:

  • Série Mediunidade - A Obsessão e o Médium (Causas e meios de combater)‏
  • Série Intercâmbio Mediúnico
  • Série Sentimento - Brandura
  • Série Doutrinária - A Dor e o Sofrimento
  • Série Esperanto - Doloro Kaj Sufero
  • Cenáculo Espírita Casa de Maria – CECAM / DIJ - Departamento de Infância e Juventude - A Importância da Evangelização
  • Série Reflexões de Um(a) Aprendiz

Faça o download aqui: http://users.hotlink.com.br/rafp/PAI_InfNovembro2008.pdf