10 junho, 2020


O VÍRUS CONTINUA... A NOSSA EXISTÊNCIA TAMBÉM CONTINUA?
       
Virose... Termo tornado popular quando não se conhece a causa de uma enfermidade, talvez tenha ficado banalizado, entretanto, sem deixar nenhuma sombra de dúvida, algumas desta viroses se estabelecem com sua identidade bem nítida e mostram sua face a partir das consequências de suas ações.
Há homens que aos poucos consideram a ciência como capaz de resolver todas as suas querelas com as enfermidades e se esquecendo grandiosidade da ação do Criador. Tal grandiosidade lhes dá a oportunidade de buscar suas soluções ao tempo que, no mesmo processo, coloca os limites onde só a humildade e a submissão à Sua vontade encontram eco.
Diante de uma pandemia, epidemia ou qualquer tipo de doença individual, expressões de qualquer  patologia, o desespero toma conta da humanidade. Alguns poucos conseguem ter o discernimento necessário e a compreensão do que é o mundo de Prova e Expiação e que aqueles que aqui habitam estão num momento de resgate ou de afirmação da sua melhoria moral.
Cabe uma pergunta: o que falta ao Ser Humano para encontrar o caminho da felicidade? Lembrando a mitologia grega sobre a Caixa de Pandora, mito que se inicia pelo roubo de uma fagulha do fogo sagrado por Prometeu (representava a inteligência e o saber), e termina com a abertura da Caixa de Pandora, onde estavam depositados os males e as doenças, mas que ao ser fechada conseguiu reter a Esperança. Por isso, o mito da caixa de Pandora quer significar que ao homem imprudente e temeroso são atribuídos os males humanos como consequência da sua falta de conhecimento e previsão. Também é curioso observar como o homem depende de sua própria inteligência para não ficar nas mãos do destino, das intempéries e dos próprios humanos.”(1).
Guardando do mitológico a lição de hoje, trazendo para a realidade que a Doutrina Espírita põe à nossa disposição, podemos compreender que a lição da Caixa de Pandora ensina ao homem a ser ele mesmo o arquiteto do seu futuro. Mas Deus não quer que a sua criatura sofra eternamente e lhe oferece alternativas de mudanças: a primeira é o combate ao orgulho e à vaidade, as grandes chagas da humanidade; a segunda lhe dota de inteligência e discernimento do que é certo ou errado e da capacidade de arrependimento e reparação. Mas fez mais, nos manda seu filho Jesus para nos ensinar a resignação através de suas palavras eternizadas no nosso conhecido e pouco praticado Evangelho, grande Manual de Moral e Ética, como uma escada de ascensão à Casa Paterna em que cada degrau significa a compreensão do homem do seu papel na Terra.
Mas além do Evangelho, sabendo das dificuldades do homem em sociedade (onde muitas vezes se perde), dota-o de uma semente, implantando-a em seu coração,este éo amor, que é operacionalizado através da caridade.
No momento que atravessamos, temos visto grandes impulsos de generosidade: pessoas ajudando aos seus irmãos menos felizes, que transitam na necessidade e na miséria (mesmo das coisas básicas para a sobrevivência), empresas com substanciosas doações, enfim, há uma mobilização de esforços assistenciais. É um belo exemplo, mas serão prorrogados após a pandemia?
Diversas formas de expressões religiosas se mobilizam materialmente e espiritualmente através de cultos, missas em intenção de ajuda, preces intersessórias, terços, mensagens edificantes e consoladoras e outras tantas formas de representação da fé.
Entretanto, diante das dificuldades que se apresenta, uma tríade de palavras nos suscitam ao trabalho humanitário, a saber: VontadePerseverança.
A , como nos ensina o Evangelho Segundo o Espiritismo, significa conceitualmente: ...”entende-se como  a confiança que se tem na realização de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez permitindo se veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. Num como noutro caso, pode ela dar lugar a que se executem grandes coisas. A sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A vacilante sente a sua própria fraqueza; quando a estimula o interesse, torna-se furibunda e julga suprir, com a violência, a força que lhe falece. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança; a violência, ao contrário, denota fraqueza e dúvida de si mesmo.” (2)
Podemos considerar a como o combustível que leva o homem a se movimentar para as grandes realizações, porém nunca esquecendo que ela deve ser sempre raciocinada, e que não deve ser passageira.
Portanto deve-se juntar à , a vontade, que determina a direção e a constância dos esforços aos objetivos a serem alcançados. Ela é a faculdade de perseguir o bem conhecido pela razão. A vontade pode ser fortalecida no indivíduo através da educação esclarecedora e, principalmente, através do combate ao capricho e à obediência passiva, bem como pela formação do hábito de propor a si mesmo tarefas difíceis e de trabalhar até conseguir alcançar o objetivo. (3). Mas o ditado popular nos ensina que: “vontade dá e passa”, o que no leva concluir a necessidade do terceiro elemento - perseverança.

Em que consiste a perseverança se não no investimento constante da vontade? "Qualidade de quem não desiste com facilidade; Característica ou particularidade de quem persiste, insiste e não desiste de uma coisa específica; pertinácia, constância: conseguiu.. Em termos psicológicos significa: “Capacidade de sustentação voluntária de uma atividade implicada por uma tarefa prolongada” (4).

Lembrando ainda o mito da Caixa de Pandora, cuja última coisa retida após o seu fechamento foi a esperança: modernamente, podemos dizer que é solo fértil para as oportunidades de mudança e para os consistentes objetivos para evolução do ser humano.  Considerando que a esperança é a disposição do espírito que induz a esperar que  uma coisa há de se realizar ou suceder. (5)
            Considerando que a existência é um estágio passageiro no qual se possibilita a reavaliação moral e que oportuniza a renovação desde a mudança de pensamento e comportamento, e nos oferece tantos testes, como o atual, a pandemia, através de um vírus tirano. Mas que, ao mesmo tempo, permite um reencontro conosco mesmo e com aqueles que convivemos mais intimamente - devolve-nos o sentimento de família.

            Podemos agora fazer escolhas: sermos desesperados ou solidários? Podemos, também, conviver harmonicamente conosco mesmo descobrindo qualidades que estavam ocultas pelos afazeres do dia a dia. Nosso olhar fica menos comprometido com a obscuridade dos prazeres mundanos e se desloca para o grande objetivo da nossa existência, o retorno à Casa Paterna.

Otavio Pereira Coordenador DAE e GEJA/FEP